terça-feira, 14 de julho de 2009

Palma Inácio (1922-2009)

Morreu um verdadeiro homem de acção, daqueles que só existem nos filmes. Corajoso e com nervos de aço, fez o que tinha a fazer sem estar pendurado nas ideologias. Todas as acções em que se envolveu tiveram sucesso, menos o plano da "tomada" da Covilhã que deu para o torto. Fundador da LUAR, sacou 30 mil contos da agência do Banco de Portugal da Figueira da Foz e desviou o Super-Constellation Mouzinho de Albuquerque no aeroporto de Casablanca. Há ainda fugas mirabolantes das cadeias salazaristas a constarem da sua biografia. Depois do 25 de Abril, a realidade política ganhou terreno à aventura e tornou-se militante do Partido Socialista. Missão cumprida, retirou-se de cena. Entrevistei-o duas vezes em meados dos anos setenta e sempre me disse que não se reconhecia nos rótulos de rebelde ou de subversivo. Discreto e contido, sempre foi avesso ao protagonismo. Neste país de papagaios, dos discursos engatilhados, dos chicos-espertos, das aves trepadoras nunca foi muito apreciado.

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