Casa de chá? Exactamente. Tomam-se ali as mais variadas qualidades de chá que é o forte da casa. A decoração, dominada pelo branco pincelado de verde, é cuidada e o ambiente relaxante. Não diria cosy, mas convida a trocar dois dedos de conversa ou a folhear uma revista. Em suma, apetece estar. A simpatia da Maria da Luz, a dona deste espaço, também contribui. A música é suave, não incomoda. Tem uns bolos inesquecíveis de marca caseira que se saboreiam com gula, perante os olhares aprovadores de dois Budas. Há um sopro de civilidade ali, difícil de encontrar nos vulgares cafés das Caldas da Rainha, cidade onde o Chá de Limão se instalou.




















Acho que David Salle continua a fazer o mesmo que fazia no início da década de 80 quando se tornou uma celebridade. Estive na abertura da sua exposição que encerra no dia 26 de Junho. Continua a trabalhar com Mary Boone, a polémica galerista que abriu o seu primeiro espaço no 420 da West Broadway. Começou por apresentar jovens artistas americanos como Julian Schnabel, David Salle, Ross Bleckner, Robert Longo e depois abriu as portas aos alemães Baselitz e Kiefer que, juntamente com os italianos da transvanguarda invadiram Nova Iorque numa insólita operação da painting is back. Apesar do lado frívolo das inaugurações regadas a champanhe francês e da sua famosa colecção de sapatos de tacões agulha, revelou-se uma talentosa business-woman. Introduziu a sofisticação no Soho que se tornou um dos bairros mais chiques e caros de Manhattan. Soube tecer os fios do negócio e impor o estilo do sold out que se traduzia no aguçar do apetite dos coleccionadores pelo objecto desejado. Dotada de imenso charme contribuiu para que o chamado movimento neo-expressionista se impusesse como tendência, capitalizando a necessidade de renovação depois do cansaço da linguagem minimal e conceptual. Entretanto surgiram os anos 90 e as carreiras destas vedetas das artes plásticas esmoreceram. O meu interesse por Salle também esmoreceu. Ou melhor, desapareceu.






















