domingo, 31 de março de 2013

Veneno da política

Fico com os nervos em franja quando no circo televisivo uns tantos imbecis disfarçados de comentadores, normalmente encantados com as tretas de Mário Soares, dizem que nesta crise faz falta a politica. Não tenho uma visão angélica dos políticos, pois nunca fazem o que prometem. A chamada política da austeridade é acusada de favorecer os populismos na Europa. « Aujourd’hui, prolonger l’austérité, c’est le risque de ne pas aboutir à réduire les déficits et la certitude d’avoir des gouvernements impopulaires dont les populistes feront une bouchée le moment venu..." Patati, patatá. Pronunciou-se o senhor Hollande em defesa da classe. Seguro, Silva Peneda, Miguel Veiga, Zorrinho, Catarina Martins e etc dizem o mesmo. Não sei. Mas sei que os espanhóis entraram no delírio da política imobiliária, os gregos aldrabaram as contas e os portugueses encheram o país de autoestradas. Acusam a Alemanha de não apoiar os países em dificuldades, mas é graças à sua credibilidade que os mecanismos de ajuda europeus ainda existem. A retórica debitada nos medias confunde as cabeças fracas. Volto a repetir que estou fora do sistema. Nenhuma das forças políticas me servem. Mas tenho ainda uma pinga de senso comum. A política converteu-se num lixo e, como sublinhou Manuel Vicent num artigo publicado no El País, "os banqueiros representam a moderna versão dos antigos foragidos e os intelectuais tendem a confundir o próprio umbigo com o agulheiro negro do universo". Estamos entregues aos bichos.

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