sábado, 16 de janeiro de 2016

O coleccionador



Como muitos outros rockers britânicos da sua geração, David Bowie frequentou uma escola de arte. Desenhava e pintava, tornando-se também desde cedo um coleccionador de outros artistas. Na década de 1990, fundou a editora Art-Book 21 e trabalhou como entrevistador e crítico na revista britânica Modern Painters. Numa entrevista ao The New York Times em 1998, disse que "a arte deve ser suficientemente aberta para que eu possa desenvolver um diálogo com ela". As suas músicas e letras revelam isso. David Bowie era um coleccionador de arte com um critério muito pessoal. Ignorava as opiniões dos críticos e dos curadores. Só comprava as obras de que gostava. Gostava de Frank Auerbach, David Bomberg, Egon Shiele,  Francis Picabia e dos surrealistas. Tinha dois Tintorettos, um pequeno Rubens e a pintura intitulada Roquairol (1917) do expressionista alemão Eric Heckel que inspirou a capa do álbum Heroes. Alguns britânicos do século 20 também ocupavam um certo espaço na sua colecção. Nada de Freuds, Bacons ou Hockneys, mas possuía George & George, Stanley Spencer, Gavin Turk, Graham Sutherland,William Tillier e Damien Hirst que, segundo afirmou, "corresponde à minha ideia de artista contemporâneo". Comprou por 15 mil libras uma tela do escocês Peter Howson com o título de Croatian and Muslim que mostra dois homens violando uma mulher, enquanto a forçavam a meter a cabeça numa sanita. Esta pintura, recusada pela Tate de Londres, evoca os devastadores acontecimentos da guerra na Bósnia. Vemos aqui um mural de homenagem ao criador de imagens que foi David Bowie, O autor é o graffiter californiano Bob Lansroth.

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