quarta-feira, 1 de junho de 2016

Vencedores e perdedores


A classe média americana tem uma situação económica cada vez mais precária. Num artigo com o título de "A vergonha secreta de americanos da classe média" publicado na revista The Atlantic deste mês pelo académico e critico de cinema Neal Gabler, sublinha-se que milhões de americanos da classe média vivem num "estado contínuo de perigo financeiro". Nem conseguem fazer face às despesas. Gabler chama a atenção para um inquérito periódico da Reserva Federal que coloca aos consumidores um conjunto de questões, incluindo como eles iriam pagar uma emergência de 400 dólares. Mais de 47% dos entrevistados disseram que iriam cobrir a despesa por meio de empréstimos ou venderiam alguma coisa. Quase metade dos graduados universitários não conseguiria cobrir uma emergência de 500 a 1000 dólares com uma poupança. O Pew Research Center define "famílias de renda média" como aqueles cujos rendimentos variam entre dois terços do rendimento mediano e o dobro disso. Em 2014, essa faixa de renda recebia entre os 42.000 a 125.000 dólares ao ano. Pela primeira vez em menos de quatro décadas, mais de metade da população caiu neste vasto leque das "classes médias" em comparação com 61% no final da década de 1960. Enquanto isso, as camadas superiores têm se expandido muito. A sociedade tornou-se progressivamente mais desigual. "A mudança tecnológica e a globalização criou um fosse entre os vencedores e perdedores". A dupla Anne Case e Angus Deaton, professores da Universidade de Princeton, encontrou uma mudança brusca entre 1990 e 2010 no universo das pessoas brancas de meia-idade menos escolarizados, devido à toxicodependência, alcoolismo e suicídio. "É difícil de falhar numa cultura que idolatra o sucesso pessoal", afirmou diz Martin Wolf no jornal Finantial Times. "O apoio neste grupo a Donald Trump deve expressar o desespero. Como seu líder, ele simboliza o sucesso. É verdade que não oferece soluções coerentes. Mas também não fornece bodes expiatórios ".

Sem comentários: