sábado, 20 de maio de 2017

Cultura da Queixa

Voltei a ler este livro de  Robert Hughes. (1938-2012). Escritor e produtor de documentários de televisão, foi durante anos critico de arte na Time Magazine. Publicada em 1993, a Culture of Complain é uma das suas obras mais contundentes. As suas percepções sobre a cultura e a política americanas além da consistência, A sociedade da Queixasão muitos actuais. Fala do "vazio no núcleo cultural" da vida americana. Da entropia. Da "linguagem política corroída pela falsa piedade e eufemismo". Evoca imagens de Roma nos estágios finais da decadência cultural e política, o que resta é uma cultura doente de queixa."Exacerbada pelo movimento de correcção política que lhes deu munições, reduzindo as questões pragmáticas do dia a uma guerra de palavras. Ligada com a política do multiculturalismo de pacotilha, porque o verdadeiro envolve cuidar de diferenças de cultura, aspiração e história entre sociedades e grupos". Também criticou duramente os curadores dos museus que deram crédito à "originalidade de Damien Hirst e importância às suas ideias. Steven Cohen, corretor de hedge funds, comprou o Tubarão original por 8 milhões de dólares, porque há várias réplicas. Hughes qualificou o mundo da arte como o maior mercado não regulamentado fora das drogas ilícitas. Quando uma nova classe de ricos vítimas da moda, que ganharam fortunas em Wall Street, irrompeu nos anos 80 no mercado da arte, o "velho cenário de confronto de vanguarda já havia desmoronado na América, cuja vida cultural inteira se baseava em modelos de diversidade e novidade". E hoje tudo piorou. Com as celebridades, os simulacros políticos, o papel dos medias sem resquícios de pensamento e honestidade, temos a sociedade do espectáculo em todo o seu esplendor. Ou, a palavra mais adequada, talvez seja lixo.

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