quinta-feira, 1 de junho de 2017

Crise existencial da UE

Comentando o estado actual da experiência europeia, George Soros advertiu que a UE mergulhou numa crise existencial como resultado de instituições "disfuncionais" e mandatos de austeridade. O bloco terá de se reinventar para sobreviver. Falando no Fórum Económico de Bruxelas, o investidor disse que a União Europeia "perdeu o seu impulso", exortando os líderes políticos a abandonarem as esperanças de "uma união cada vez mais próxima", impulsionada por uma abordagem descendente de Bruxelas. Esta declaração provavelmente desagradará à Alemanha. "A maioria dos europeus da minha geração era adepta de uma maior integração. As gerações subsequentes consideram a UE como um inimigo que os priva de um futuro seguro e promissor", afirmou. Apenas um dia depois de Bruxelas publicar um documento que mostra a visão da integração da zona do euro, Soros advertiu que a área da moeda única se tornou "exactamente o oposto do que era originalmente previsto". Citado pela CNBC, o bilionário disse que a reinvenção da Europa teria teria que rever os erros do passado e explicar o que deu errado e fazer propostas com vista a corrigir radicalmente as coisas. Congratulou-se com uma ideia alemã para cortar fundos europeus destinados a reduzir as desigualdades de renda a nível regional para os países que não respeitam o estado de direito. Tanto a Hungria como a Polónia, que são receptores líquidos dos chamados fundos de coesão, foram criticados pela instituição europeia por seus padrões fracos no que se refere ao estado de direito. O magnata também lembrou aos anfitriões que "a União Europeia deveria ser uma associação voluntária de estados afins que estavam dispostos a entregar uma parte da sua soberania pelo bem comum. Segundo Soros, a perda de confiança na UE abriu o caminho ao apoio de  partidos políticos anti-europeus e disse que o objectivo de "uma união cada vez mais próxima" devia ser abandonado. "Agora, precisamos de um esforço colaborativo que combine a abordagem de cima para baixo das instituições da UE com os movimentos de baixo para cima que são necessários para envolver o eleitorado. Em vez de uma Europa "multi-velocidade", devemos apontar para uma Europa que permita aos Estados membros uma maior variedade de opções. Isso teria um efeito benéfico de grande alcance". Exortou ainda o bloco a se concentrar em três áreas-chave: lidar com a crise dos refugiados, o Brexit e "a falta de uma estratégia de crescimento económico".  Sobre o Brexit aconselhou a UE a resistir à tentação de punir a Grã-Bretanha e abordar as negociações com um espírito construtivo. Lembrou que, externamente, a UE está agora cercada de poderes hostis: a Rússia de Putin, a Turquia de Erdogan, o Egipto de Sissi e a América que "Trump gostaria de criar, mas não pode".

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