sábado, 4 de agosto de 2018

A anti-arte de Klein



As Antropometrias de Yves Klein eram radicais e polêmicas, tal como a maior parte do seu trabalho. Eram performances com mulheres nuas que funcionavam como pincéis. Para uma exposição de 1958 intitulada The Specialisation of Sensibility in the Raw Material State into Stabilised Pictorial Sensibility, The Void, o artista francês não exibiu nada. Esvaziou a sala da galeria parisiense, deixando apenas um armário com fachada de vidro, pintado de branco. Os convidado pensavam que a exposição estava centrada na International Klein Blue, a sombra que o artista havia desenvolvido e se tornou conhecida. Apesar da sala estar vazia, as pessoas fizeram fila para assistir ao espectáculo. A mesma cortina azul dessa mostra surge nas imponentes salas Palácio de Blenheim, um edifício do século 18 em Woodstock, Oxfordshire, entre esculturas clássicas, mobiliário decadente e Old Masters. A Fundação de Arte de Blenheim exibe pinturas de um único pigmento, representado em rosa, verde e sobretudo azul, ao lado de retratos de Joshua Reynolds. "Não estamos a mudar o significado do seu trabalho, tentámos apenas colocá-lo num contexto diferente", disse Michael Frahm, diretor da Blenheim Art Foundation. As peças resultantes da Antropometria são rápidas e vivazes, as fotografias mostram mulheres quase se esbofeteando e se arrastando sobre as telas. Os “pincéis vivos” de Klein eram uma espécie de espectáculo, uma encenação de eventos com música composta por ele. A exploração da forma feminina, as pinturas e performances fizeram manchetes na época e marcou um ponto de viragem na arte contemporânea. Quando Klein morreu aos 34 anos de idade - depois de apenas uma carreira de sete anos - as pessoas acreditavam ser um golpe publicitário.

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