
Acreditem há nesta casa, em pleno Chiado, ovos bons e em quantidade suficiente para fazer umas omeletes. As peças, só de designers portugueses, são criativas e abordáveis prendas de Natal.
Tchim, tchim ao efémero. Ver, cheirar e sentir
Junto-me à Miss Pearls, evocando as inquietantes "narrativas" metafísicas de Edward Hopper. Ou os fotogramas de um filme. O mundo dos seus quadros é impreciso e enganador. Perdidas todas as inocências, incrédulos dos tempos que vivemos, enterrámos a poesia. Só o meu amigo Victor Silva Tavares persiste em afirmar que a sua editora é "uma aventura poética".
Aqui na santa terrinha a merda não está enlatada, derrama-se por aí em céu aberto e exala um cheiro que tresanda. Os escândalos multiplicam-se, isto até já parece a Itália de Bettino Craxi. "Estamos a bater no fundo", não se cansa de repetir Medina Carreira. Mas algumas cabecinhas indulgentes devem pensar que, apesar de tudo, o futuro não será assim tão mau. Sempre há uns magníficos produtores de vinho ou um providencial investimento na educação que venha resolver o assunto. Ora bolas! Caganitas num imenso deserto e pelos menos duas gerações até que...nada.
Troquei algumas palavras com Julio Criado Moreno, o dono da galeria Full Art de Sevilha que vai estar na Miami Photo. Participava nos Projects Rooms com a peça Espacio Disponible do artista Martín Freire que faz uma crítica à sociedade de consumo cujos dejectos se acumulam nas periferias das cidades.
Acampamento by Alejandra Freymann
O artista moderno by Guillermo Pérez Villalta
El Baño, óleo sobre tela, by Gonzalo Sicre
Barometz (Suelly Cadillac) by João Pedro Vale
Space Shuttle, óleo sobre tela, by Martinho Costa
Neste momento está a acontecer a inauguração oficial da feira, destacando-se a presença de Maria Cavaco Silva e da ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas. Amanhã abre ao publico com uma oferta centrada no mercado ibérico. Entre as 67 galerias há 31 espanholas, o que significa uma fortíssima representação do país vizinho. Óscar Alonso Molina, crítico de arte do suplemento cultural do jornal ABC e curador independente comissaria os Projects Rooms. Algumas galerias portuguesas com peso no acanhado universo português das artes plásticas decidiram não comparecer. Enfim...estratégias ou as tricas do costume.

A mostra erótica-paródica que apimentou a cidade, também conhecida por "terra das malandrices" termina no dia 21 com uma mesa-redonda sobre as Garrafas das Caldas. Um dos momentos altos da iniciativa foi o jantar priapiano onde alguns comensais mais atrevidos leram alguns daqueles poemas do Bocage que fazem corar as mentes pudicas. Isabel Castanheira, a dinâmica dona da livraria 107, ri-se da situação. Já deu uma trinca no pão e agora enfrenta a objectiva bem situada atrás da flor fálica espetada num tomate. 
Nunca tive paciência para filmes de animação com animais falantes, mas tenho de tirar o chapéu ao Fantastic Mr. Fox que é baseado num conto de Roald Dohl. O senhor raposo tem a voz de George Cloney cuja esposa é Meryl Streep e Willem Dafoe faz de ratazana. Esta deliciosa fita passou no Estoril Film Festival. Mas vai estrear num cinema perto de si.
Edie Sedgwick, uma das musas de Andy Wharol nos finais da década de sessenta, quando Bob Dylan também passava pela fervilhante Factory sem se envolver demasiado. Figura complexa pertence a uma estirpe diferente. Quanto à menina-bem transfuga da alta sociedade, morta aos 28 anos, surge aqui fotografada por Gerard Malanga que contraria o daqui ninguém sai vivo. Está vivo e recomenda-se. Continua a fotografar, a escrever poesia e a filmar.
O Baluard de Palma de Maiorca acolhe uma instalação de Joana Vasconcelos até 7 de Fevereiro de 2010. Garden of Eden#2 faz parte da série que a artista portuguesa apresentou em 2007 na The New Art Gallery Walsall, no Reino Unido. Flores eléctricas distribuídas por 428 módulos compõem esta peça que simula ser um jardim de estilo clássico. Na obscuridade produz um efeito luminoso surpreendente.
No dia 19 e Novembro vai receber o Prémio Internacional de Fotografia, no Centro Cultural Pablo Iglésias em Alcobendas. Americano (1952) estudou História e Literatura na Universidade de Harvard onde fez também um curso de fotografia. É actualmente o presidente da Agência Magnun a que pertence desde 1976. Com a sua Leica M6, pequena e rápida, capta imagens realistas mas poéticas, à maneira de Henti Cartier-Bresson.
Tem 41 anos mas continua muito atraente. A sua imagem está ligada a Nova Iorque, um cidade que diz adorar e onde "ninguém espera sentado que a vida lhe passe pela frente". Durante anos refugiou-se da fama em Ibiza. Agora voltou a ser a imagem da campanha dos perfumes masculinos de Donna Karan. Curiosamente foi ela a oferecer-lhe o primeiro contrato em 1993. A mãe e a avô do belo Mark Vanderloo vivem em Portugal.
Tenho andado tão ocupada que me esqueci do aniversário do Snoopy. No passado 5 de Outubro fez 60 anos e renovou o vestuário. Ei-lo aqui vestido de Chanel. No fundo irrita-me. É um cão mal encarado, arrogante, egoísta, presumido, impaciente e colérico. Dotado de uma inesgotável capacidade de mudar de personalidade conforme os ventos que sopram, tal como a Barbie, entrou no universo dos bonecos "equipados" por criadores de moda.
Depois de ter caído em desuso durante uns tempos, a ridícula moda das ombreiras está a voltar. Triunfou durante seis décadas, apesar das reservas dos homens que preferem silhuetas ânforas ou seja com um desequilíbrio acentuado nas ancas. Nos anos 90, Giorgio Armani trouxe-as à ribalta com exagero, por enquanto limita-se a propor ombros estruturados. Só espero que desapareçam rapidamente de cena. Convém não esquecer que a moda, diga-se o que se diga, é uma expressão do gosto masculino. Os ombros agressivos e quadrados como os dos jogadores de basebol...não, obrigada. Talvez nos espere uma dura batalha, mas mais vale encolher os ombros.