O lendária artista Justin Bua apresenta a partir de 9 de Setembro no Hold Up Art, em Los Angeles, várias obras inspiradas no imaginário hip-hop.
adios amigos
Há 10 anos
Tchim, tchim ao efémero. Ver, cheirar e sentir
Valerie Steele (1955), directora e curadora chefe do FIT (Fashion Institute of Thechnology) de Nova Iorque garante que a moda "is not a stupid subject". Prefere encará-la como um fenómeno cultural que mexe com o corpo e a sexualidade. Para reforçar a sua teoria chama à liça Michel Foulcault. Não havia necessidade. Referindo-se à manifesta hostilidade dos fundamentalistas islâmicos perante a moda, diz que a exposição do corpo ameaça-lhes a autoridade na medida em que é uma afirmação da individualidade feminina. Depois de uma intensa pesquisa sobre os novos designers japoneses vai comissariar a exposição Japon Fashion Now que inaugura no dia 17 de Setembro. Centrada na evolução da moda desde a década de oitenta, mostra como actualmente são exploradas as subculturas das lolitas góticas, do punk ou associadas às bandas desenhadas manga.
Fixados numa ideia tradicional de beleza recusam aceitar o contemporâneo tanto no aspecto criativo como nas suas vidas. Os americanos Peter McGough e David McDermott com um interessante percurso artístico iniciado na década de oitenta vivem no passado, o que se tornou já numa provocação existencial. No vestir e na atitude cultivam o dandismo, recusam as novas tecnologias, são avis raras nesta época do efémero. Juntos desde há 30 anos fizeram um filme de 13 minutos que foi apresentado na Cheim & Read Gallery, em Nova Iorque. A modelo britânica Agyness Deyn protagoniza Mean to Me e contracena com Linus Roache, actor da serie televisiva Law & Order. Desempenha o papel de mulher fatal ao estilo cinema noir dos anos trinta que se apaixona por um playboy sem escrúpulos.
Otto Dix imortalizou a sedutora Anita Berber neste retrato datado de 1925. Bailarina, performer, actriz e cocainómana representava aos olhos do pintor alemão o excesso, o glamour e a miséria da República de Weimar. Depois surgiu aquele homenzinho do bigode ridículo que arrasou a Europa.
Carla Bruni enviou uma carta aos jornais Le Parisien e Le Figaro dirigida a Sakireh Ashtiani que hoje pode morrer lapidada. "Saiba que o meu marido defende a sua causa, a França não a vai abandonar...", garante. Quarta-feira é o dia tradicional das execuções no Irão, em que são aplicadas as bárbaras sentenças decretadas por cabeças doentias.
Sete e dez. Logo que entrei nas instalações da Aletheia, onde acontecia a apresentação do livro Sita Valles da autoria de Leonor Figueiredo cruzei-me com o José Teófilo do Blog Operatório que já estava de saída. Encontrei alguns conhecidos dos jornais com quem troquei aquelas trivialidades do género "já não te vejo há séculos, o que é que andas a fazer". Reparei no Fernando Lima que com um calor de derreter moleirinhas estava muito composto de fato e gravata. Cumprimentei a Zita Seabra, radiante no seu papel de anfitriã. Entretanto, o Fallorca desapareceu sorrateiramente sem dizer água vai. De repente, descubro o João Gonçalves do Portugal dos Pequeninos que é sem sombra de dúvida o melhor franco-atirador da blogosfera. Escreve muito bem e é uma pessoa adorável, acreditem. Gosto dele.
Seis da tarde. As manhas tecnológicas do gravador digital fizeram-me perder a paciência. Mas o Fallorca está giro neste enquadramento da janela aberta para o jardim do Príncipe Real, não está? Gosto do papel de parede em tons de azul do Orpheu. Não sei se o Pessoa alguma vez se pronunciou sobre a decoração dos espaços que frequentava.
Ontem tive um dia em cheio, apesar da irritante morrinha que caia na cidade. Estive a tomar café numa espelunca da Praça do Chile com o Zeca, um amigo de longa data que tem uma das mais completas bibliotecas sobre política deste país. É um tipo inteligente sem espartilhos mentais e um sentido de humor apuradíssimo. Sabe que a "verdade" tem mil caras, tudo depende das cartilhas e das conveniências. Enfiei-me no Metro e fui aos Santos Ofícios, na Rua da Madalena, agradecer as ajudas dos sempre prestáveis Homero e Luísa. Subo o Chiado que abarrotava de turistas sem graça e abanco no café Flower Power, na Calçada do Combro, que era um oásis de tranquilidade. Para acompanhar a sanduiche de legumes grelhados peço um copo de vinho branco e remato com uma fatia do Melhor Bolo de Chocolate do Mundo. É mesmo, sem batota. Vou à Brasileira resgatar o Jorge Fallorca que estava quase sufocado por uma multidão e arrasto-o até Príncipe Real. Chegámos aos café Orpheu empapados pela chuvinha molha-tolos, coisa que nós não somos.
Até 18 de Setembro, a galeria Pervi em Alfama apresenta uma exposição de fotografias do brasileiro Sérgio Guerra. Durante alguns meses viveu com os Hereros, uma das mais ancestrais etnias estabelecidas no Sul de Angola. As mulheres muhakaons untam o corpo com uma mistura de óleo avermelhado e enfeitam os cabelos entrançados com pedaços de latas de refrigerantes.
Na voragem dos ferozes lançamentos de produtos novos com campanhas publicitarias cada vez mais sugestivas, este perfume tem sobrevivido. Alcançou o estatuto de mito, converteu-se numa lenda. Criado em 1921 pelo nariz Ernest Beaux, continua moderno porque é um clássico. As mudanças foram mínimas, pequenos ajustes no frasco e na essência original. Tornou-se ainda mais cobiçado quando em 1955 Marilyn Monroe proferiu aquelas palavras que não vale a pena repetir. Acabei de comprar um Chanel nº 5 que me custou os olhos da cara, vou poupá-lo gotinha a gotinha. Satisfiz um capricho.