quinta-feira, 12 de maio de 2016

Rebecca Horn


Uma retrospectiva de Rebecca Horn vai inaugurar em Junho no novo espaço da Tate Modern de Londres. Considerando a relevância cultural da sua produção artística, não é nada surpreendente. Gosto das associações metafísicas e alquímicas dos materiais usados por esta artista alemã. Em 2011 vi uma exposição de Horn na Sean Kelly Gallery de Nova Iorque onde o cobre actuava como cabo eléctrico nas esculturas, enquanto o carvão vegetal funcionava como metáfora do calor e da fragilidade. O ouro como índice da ganância e da riqueza. As penas eram alusões à liberdade do voo. Ela pratica uma arte de evocação ao invés de ilustração, tudo misturado com uma mitologia baseada em textos que ainda mais mistificam e confundem a leitura das peças. Gosto especialmente da instalação Concert for Anarchy (1990) baseada num invertido piano pendurado no tecto. Cria instalações específicas para certos ambientes. Todas as suas obras interactivas e cinéticas funcionam em múltiplas formas de criar uma maior consciência do corpo. Expressam a vulnerabilidade humana, a percepção sensorial, a transformação. Tem um imaginário repleto de uma beleza singular. Eihorn do início dos anos 70 é talvez uma dos trabalhos mais referenciados da artista. Invocando um unicórnio, o símbolo medieval da pureza e da inocência, é uma escultura "extensão do corpo". Transforma -a numa performer que exibe o chifre branco na cabeça e uma ligadura atada no corpo nu. Como em transe, ela caminha através de campos de trigo na direcção do sol nascente.

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