terça-feira, 1 de novembro de 2016

Dois dissidentes


Depois de ser proibido de viajar para o exterior durante quatro anos e com quatro exposições nas galerias de Manhattan, o artista Ai Weiwei voltou a Nova Iorque onde viveu na década de 1980. No sábado passado, o Brooklyn Museum organizou uma conversa entre o artista chinês e a cubana Tania Bruguera. Dois dissidentes que foram censuradas e presos nos seus respectivos países. Tentando
traçar paralelos entre as condições da arte política em Cuba e na China, Bruguera não se coibiu de abordar temas controversos. Começou o debate com a observação de que, em Cuba, muitos artistas estão apelando para o mercado internacional de arte. Ai Weiwei falou sobre sua própria luta quando jovem artista dissidente do regime comunista. Bruguera referiu o medo generalizado causado pela censura rigorosa. "A educação ensina que não é possível questionar. Quando se pergunta, colocamos toda a nossa família em risco. O pai pode perder o emprego e quem pergunta pode ser internado numa instituição de doentes mentais", afirmou Ai Weiwei. Também declarou que não tinha ideologia política: "Deixo-os reagir a mim, eu não reajo a eles". Esta última afirmação foi uma resposta às perguntas de Bruguera sobre a recriação da imagem de grande circulação de Aylan Kurdi, a criança síria que apareceu morta na costa da Turquia. "A substituição de um corpo é um dilema ético", apontou Bruguera. "Como é que você reage à crítica que essa foto tem recebido?" Este tópico aparentemente, atingiu um nervo de Ai Weiwei que se tornou cada vez mais seco. "Eu sou um artista. Não sou um padre ". sublinhou até com uma cera arrogância.

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