segunda-feira, 9 de maio de 2016

Crise em marcha


Segundo Satyajit Das, o autor do livro A Banquet of Consequences nascido em Calcutá e com nacionalidade australiana, há uma série de factores que apontam para uma potencial crise. Como a emergente fraqueza do mercado de negócios nas tecnologias, aeroespacial, automóveis, produtos de consumo, indústrias de luxo, desvalorização da moeda combinadas com o endividamento na China. Os preços mais baixos do petróleo reduzem os lucros. A fraqueza das acções dos EUA flui para os mercados de acções globais. As companhias de energia altamente endividados e os mutuários de mercados emergentes enfrentam dificuldades financeiras. De acordo com o Bank of International Settlements, o endividamento total por parte da indústria mundial de petróleo e gás atingiu 2,5 triliões de dólares em 2014. A tensão inicial está focada na indústria do petróleo de xisto e do gás. Muitas empresas tiveram prejuízos, mesmo quando os preços estavam altos. Um grande número de empresas dos mercados emergentes, como a Petrobras do Brasil, a Pemex do México e Gazprom da Rússia e Rosneft, também são vulneráveis. Por outro lado, temos os problemas no sistema bancário devido à queda dos preços dos activos e empréstimos,problemáticos. Os bancos europeus têm cerca de 1,2 trilião de euros destes empréstimos. Apesar disso, o mundo está a entrar num período de política monetária assíncrono com divergências entre os bancos centrais. O Federal Reserve dos US não está adicionando a liquidez que fez entre 2009 e 2014. Já o Banco do Japão e dos bancos centrais europeus continuam a expandir seus balanços, o que pode não ser suficiente para apoiar os preços dos activos.
O ex-banqueiro e académico refere ainda a queda dos preços das commodities que contribui para reduzir a liquidez global. E da volatilidade da moeda e das guerras cambiais. Um dólar mais forte pode enfraquecer o crescimento dos EUA. Mas um dólar mais fraco significa um euro e um iene mais forte, o que afecta as perspectivas na zona euro e no Japão. A crença de que os preços mais baixos do petróleo vai levar a um aumento do crescimento não funciona. Há também os problemas crescentes nos mercados emergentes. O abrandar do crescimento deve-se a uma menor demanda da exportação dos mercados desenvolvidos, à dívida insustentável e a deficiências estruturais não abordadas. A dívida pública do Japão e dos EUA vão atrair o escrutínio dos investidores. Na Europa, a questão da dívida soberana afectará países centrais como Itália e França. Depois assiste-se a uma perda de fé nas decisões dos políticos. A estabilidade financeira artificial projectada por baixas taxas de juros e o QE é prejudicada pela preocupação com os efeitos a longo prazo das políticas e a falta de recuperação auto-sustentável. Com as elites políticas capturadas por empresas e bancos, os eleitores estão se voltando para os extremos políticos em busca de representação e soluções. Mas a incerteza e a inconsistência de certos movimentos políticos reflectem-se na recuperação económica. A situação geopolítica também se deteriorou drasticamente. (Via The Independent)

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