terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Cosa Nostra

Ao longo de duas décadas num jornal siciliano, a fotógrafa Letizia Battaglia captou 600.000 imagens das cenas brutais da máfia italiana. Criou, aquilo que ela qualificou de "arquivo de sangue". Apesar da violência, crueldade e corrupção alguns mafiosos como Al Capone, John Gotti ou Tony Soprano foram romantizados e até mesmo glorificados no cinema americano e nos media. Just for Passion é uma exposição de fotos sobre a Cosa Nostra que está até Abril de 2017 na Fondazione Maxxi, em Roma. Letizia Battaglia, agora com 81 anos viveu com o fotógrafo Franco Zecchin da lendária agência Magnun. Trabalhou no jornal L'Ora numa época em que os clãs Corleone e Stidda se degladiavam. As suas fotos mostram uma sociedade com uma vivência diária onde os assassinados se tornaram banais. Sem limites. Em 1993, a polícia procurou o seu arquivo de imagens e encontrou duas fotos do então primeiro-ministro da Itália, Giulio Andreotti, com o chefe da máfia Nino Salvo. As fotografias, destituídas de glamour, contam a história da infinita complexidade do sistema italiano, aquele em que o crime organizado está profundamente envolvido com a política e a sociedade. Em 1992, fecharam o jornal L`Ora. No mesmo ano, a máfia mata os juízes Giovanni Falcone e Paolo Borsellini. A sinistra organização sofreu uma dura repressão do governo, mas não acabou. Já não mata indiscriminadamente. Atingiu uma certa sofisticação e entranhou-se no tecido do establishment. Está na política, nos jornais, na economia e no estado. Mais do que nunca é um "polvo" modernizado.

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