domingo, 29 de janeiro de 2017

Socos, racistas e marxistas

Como chefe do Instituto de Política Nacional (NPI), Richard Spencer é um dos líderes nacionalistas brancos mais bem-sucedidos da América. Este académico defende uma pátria ariana para a suposta raça branca "desapossada" e apela à "limpeza étnica pacífica", travando assim a "desconstrução" da cultura europeia. Mas até mesmo alguns dos europeus o rejeitaram; Em Outubro de 2014, a sua tentativa de realizar uma conferência da NPI em Budapeste, na Hungria, resultou na sua prisão e expulsão. Na tomada de posse de Trump foi esmurrado por um manifestante mascarado. Este vídeo rapidamente se tornou um tema de debate na Internet. Algumas pessoas celebraram o soco, outros perguntavam se bater num nazi é um comportamento aceitável. O controverso filósofo esloveno e professor na Escola de Pós-Graduação Europeia Slavoj Žižek deu uma resposta surpreendente. "Sou mais pela violência passiva de Gandhi. Um idiota como Richard Spencer deve simplesmente ser ignorado. Não ser reconhecido como pessoa. Não defendo a violência física". O filósofo marxista fala ainda do fracasso do politicamente correcto que qualifica de "uma reacção desesperada a qualquer integração".Considera isso uma forma suicida. "Procedimentos como estes, significa que a esquerda já perdeu. Não é triste que a melhor crítica liberal-esquerda de Trump seja uma comédia política? Pessoas como Jon Stewart, John Oliver e Steven Colbert. Zombam, riem-se e ele ganha. Há algo de terrivelmente errado neste jogo. Na medicina existe a chamada cura sintomática que significa tomar coisas que apenas neutralizam os efeitos. Atenuam a dor, mas não curam a doença. Criticar Trump é apenas um cura sintomática. Só revela o fracasso da esquerda liberal. A única maneira de realmente derrotar Trump é repensar qual tem sido o papel da esquerda até hoje. Caso contrário, ele estará recebendo votos de pessoas comuns".
Não entendo a cabeça de Slavoj Žižek. Há dois dias atrás, numa entrevista disse que estava a escrever um outro livro sobre dialéctica hegeliana, subjectividade, ontologia, física quântica e etc. "Essa é a única maneira de sobreviver nestes tempos de desespero. Em 1915, quando a Primeira Guerra Mundial explodiu, Lenine foi para a Suíça e começou a ler Hegel. Comecei também agora a ver os velhos musicais de Hollywood. Depois de ver a cópia pirata de La La Land. Talvez escreva  um ensaio sobre as obras-primas musicais de 1935 protagonizadas por Ginger Rogers e Fred Astaire. Top Hat. Sem profundidade psicológica. Apenas se movem como bonecos. Mas prefiro esses fantoches ao psicologismo pretensioso de La La Land", sublinhou.

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