quinta-feira, 17 de outubro de 2019

O Coringa

Joker foi um dos filmes mais impressionantes que vi nos últimos tempos. Mexeu comigo, veio ao encontro das minhas ideias, revoltas e anseios até no plano estético. Os críticos americanos das publicações supostamente respeitáveis arrasaram o filme. Furiosos de ver o filme merecer as atenções, incluindo, o Leão de Ouro no Festival de Veneza, qualificaram-no de racista, fascista, perigoso. Realmente é perigoso mas não pelas razões que lhe apontam. É brilhantemente subversivo. Não vivemos tempos normais. A arte e os filmes, em particular, agora são julgados por tweeters e críticos profissionais, tanto em termos da sua aderência aos padrões acordados e nas suas mensagens políticas quanto em seu mérito artístico. E Joker causou uma enorme agitação transatlântica por não cumprir esses novos padrões morais.Talvez isso não seja novidade. Será Arthur Fleck (o nome do Joker) um sociopata? Um anarquista? Um herói dos incels, uma sub-cultura masculina de celibatários involuntários associados a episódios de violência contra a sociedade?. Na verdade, o joker é um anti-herói, objecto de um estudo do carácter do indivíduo vítima da sociedade que desencandeia  uma revolta na cidade de Nova Iorque contra as elites acantonadas no sistema. Compreendo perfeitamente a angústia dos críticos do New Yorker, do New York Times ou do The Guardian e etcétera que vivem no Upper Side de Manhattan que temem ver surgir as teorias de massas. Para eles, trata-se de uma obra tóxica. A banda sonora, sinistra e explosiva, criada pela compositora islandesa Hildur Gudnodothir, contribui para o clima angustiante que pontua o filme. Simpatizamos com o personagem de Arthur ou Coringa, não por termos pena dele mas porque sentimos um parentesco com esta figura magistralmente interpretada por Joaquin Phoenix que merece tos os prémios do mundo. 

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