Vai na 31ª edição e continua asilada ou exilada em Cascais. Por enquanto. É óbvio que algumas das tendências apostam num revivalismo "filtrado", o que já se arrasta há um certo tempo. Temporada atrás de temporada, surgem homenagens expressas ou camufladas aos anos 60 e 80. Nostalgia ou carência inventiva? Surgem as fusões como na gastronomia. As analogias um tanto forçadas, diga-se de passagem, entre arte e moda. Nada de cores intensamente quentes nem de desenhos complicados. Tudo o mais sereno possível. Cortes
clean, silhuetas equilibradas, sem malabarismos. Flutuam as transparências de um Dino Alves bastante mais contido nas encenações. Bem esgalhada a roupa da Alexandra Moura que foi buscar inspiração ao artista plástico Vostell. Sobreposições, colagens, misturas impossíveis de materiais. Dentro do seu estilo
arty, Lidija Kolovrat mostra sinais de diferença no plano conceptual ao convocar a simbologia do escaravelho. No desfile da Ana Salazar intitulado
Black is not always back, o negro foi quase banido da paleta desta criadora, dando um ar da sua graça e classe nos coletes que combinam com a versatilidade do branco. Roupa sofisticada e incontestavelmente moderna. É ainda de salientar o estilo clássico e austero de Pedro Pedro.