domingo, 30 de junho de 2013

Buffalo Sprinfield


Lobos solitários

Abriu um novo restaurante em Amesterdão, desenhado por Marina de Van Goor, que se destina a pessoas que não precisam de companhia. Para lobos solitários que não dão cavaco a ninguém. Que tristeza, comer sozinho! "Esperamos quebrar um tabu social", disseram os donos deste aborrecido  espaço sem glamour e nada acolhedor  

Acorda Porto

Um grupo de escritores (hum?) onde se destacava o famoso Walter Hugo Avô que está em todas,  protestou contra os políticos que impediram a realização da feira do livro na cidade das tripas. Uma senhora bem vestida e aprumada, já avançada na idade, disse que era uma vergonha e tal, e tal. "Tenho muitos livros, mas sempre comprava cinco ou seis na feira", disse. Já não tenho saco para aturar a constante vitimização dos portuenses e é constrangedora a falta de imaginação da "palavra de ordem"  Acorda Porto picada do Brasil. Este país não tem jeito.  

Caos criativo

O sociólogo catalão Manuel Castells, quanto a mim um dos pensadores actuais mais influentes, numa  entrevista ao jornal Globo afirmou que a ausência de líderes nos protestos é um salto qualitativo. "Na rua está a sociedade na sua diversidade, desde as pessoas de direita à esquerda, os revoltados, os sonhadores, os loucos, os realistas e humoristas...toda a gente. O anormal seriam as legiões da ordem  organizadas e lideradas por burocratas partidários", afirmou este sociólogo cujas análises incidem sobre os efeitos da tecnologia na economia, na cultura e sobretudo no activismo. Considera o movimento nascido em São Paulo como uma lufada de ar fresco contra a corrupção e a arrogância dos políticos que qualifica de "burocratas preguiçosos". Também sublinha o facto dos protestos, que irão certamente contagiar os países vizinhos, surgirem fora dos partidos "altamente burocratizados" e dos sindicatos que não podem continuar a ter o monopólio do poder. Critica ainda a "ideologia do crescimento pelo crescimento" que já começa a ser desmistificada. O crescimento interessa para resolver os problemas sociais, o que não sucedeu no Brasil.    

Os emergentes

Os profetas dos medias andavam entusiasmados com a performance dos BRICs. Iriam até ensinar teoria económica, já que valorizavam a eficácia do estado contra os mercados. Até aquela mulher destemperada e grosseira, claro que falo da economista Maria da Conceição Tavares, foi elogiada nos blogues portugueses. O milagre não aconteceu e os elogios deram lugar à desilusão. O crescimento real da China não é de 7 por cento mas de 4 e os problemas surgem porque não consegue absorver o êxodo rural. A Rússia destruiu as suas indústrias. A Índia e o Brasil investiram no consumo e agora confrontam-se com a estagnação e o desemprego.  

Força Brasil

Várias manifestações estão marcadas para o Rio de Janeiro. Carros do exército circulam nas ruas, que se encontram interditas ao trânsito desde as 13 horas, à volta do Maracanã onde vai acontecer o jogo entre as selecções do Brasil e da Espanha. Seis mil polícias foram convocados para cuidarem da segurança do estado. A cidade amanheceu com nuvens e espera-se que venha chuva. Vou assistir ao jogo e torço pelo Brasil, nunca simpatizei com a arrogância dos espanhóis. Um povo, destituído de humor e demasiado ruidoso. Que se lixem.

Políticos incompetentes

Já se percebeu que François Hollande é um imbecil, sem qualquer capacidade para governar um país como a França. Cada vez menos as pessoas acreditam nos políticos, já chegaram à conclusão de que  carecem de competência para entender e gerir a complexidade das questões que afectam o mundo moderno. A globalização, o progresso tecnológico, questões de saúde, tributação, comércio exterior, educação exigem conhecimentos que os políticos não possuem, apesar de estarem rodeados de conselheiros e assessores também eles fechados num mundinho de intrigas e cabeça de funcionários públicos. Há ainda a considerar a importância das redes sociais, a informação já não é imposta de cima para baixo, devido às redes sociais circula. "As ideologias, uma doença francesa, já não correspondem à realidade. Não passam de um corpo de princípios, o que é estúpido. Desde o colapso do comunismo, a divisão entre esquerda deixou de fazer sentido. O mundo inteiro opera numa economia de mercado, excepto talvez na Coreia do Norte..." (Contrepoints)

Gays russos

A polícia russa deteve dezenas de activistas dos direitos dos gay durante uma manifestação em São Petersburgo que segundo as autoridades violou uma lei recentemente aprovada na Duma proibindo a propaganda à homossexualidade. Cerca de 200 nacionalistas atiraram pedras e ovos aos manifestantes enquanto gritavam "a sodomia não vai passar". Registaram-se momentos de violência.

sábado, 29 de junho de 2013

Fábricas asiáticas

ábr
O futuro dos empregos industriais nos países em desenvolvimento está comprometido. Don Blair, director financeiro da Nike já disse que a marca vai reduzir o número de pessoas que fazem os seus produtos, devido ao impacto do aumento dos salários na Indonésia e nas suas fábricas asiáticas. A ideia é investir na engenharia para defender os lucros.  

Nine Inch Nails


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Andrew Sullivan

Andrew Sullivan, que foi considerado um dos intelectuais públicos mais influentes dos últimos 25 anos, zangou-se com Barack Obama. Este inglês, naturalizado americano, foi um dos primeiros bloggers a surgir no debate político. Apesar do seu pensamento conservador votou no actual presidente dos Estados Unidos que agora acusa de traição por se envolver na guerra da Síria. "Este foi um presidente eleito para nos tirar do conflito do Médio Oriente. Disse que só os idiotas se opunham a todas as guerras. Que guerra mais estúpida para intervir do que a da Síria? Eu não consigo ver nenhuma". Salientou ainda que se pode perdoar uma vez ao presidente pela "acção desestabilizadora na Líbia", mas armar os radicais sunitas na Síria e no Líbano que lutam contra os xiitas, é ceder aos temas habituais de quem ainda deseja controlar o mundo inteiro.  

Cremaster


Protestos brasileiros

A revista The Economist comentou os protestos dos brasileiros que ainda continuam. Diz que não são mais organizados por sindicatos ou outros lobbies como eram antes. "Numa mistura de divertimento e ira condenam a corrupção, a ineficiência e a arrogância de quem está no poder". Sublinha ainda que Lula se mantém silencioso, embora tenha apoiado a sua protegida Vilma nos bastidores. "Ele apreciaria, sem dúvida, o papel de salvador nacional. Mas muitos dos problemas citados pelos manifestantes são coisas que, quando foi presidente, não resolveu".  

River of Fundament

Matthew Barney, que conjuga beleza e talento, está a pedir voluntários para participarem no seu filme River of Fundament que começa a rodar amanhã no Navy Park (estaleiros da marinha) em Brooklyn. Desde logo informa que não há pagamento em dinheiro. Limita-se a oferecer almoço, protector solar e uma T-shirt assinada e numerada. Da parte musical encarrega-se o Jonathan Bepler que colabora com este genial artista plástico, autor da série cinemática Cremaster Cycle onde dança, teatro e a ópera se misturam. "I think my interest in dance has to do with the basic drama of an object in the space, interacting with gravity and the potential for the object to fall over or to fail. The fundamental stuff of sculptur and of physical comedy too...", afirma
  

Graffiters


Na icónica Bowery Wall, onde diversos artistas já fizeram murais, está agora uma obra dos graffitis Pose +Pose que inauguram amanhã uma exposição na galeria Jonathan LeVine de Nova Iorque.

Marc Faber

O investidor e economista suíço Marc Faber diz que deveria agradecer a Ben Bernanke porque as suas acções subiram. A Reserva Federal inundou o sistema com dinheiro que não flui de maneira uniforme.  Não aumenta a actividade económica e cria desequilíbrios perigosos nos países. "A impressão de dinheiro alimentou a colossal bolha do mercado de acções em 1999-2000, quando o Nasdaq duplicou, tornando-se desligado da realidade económica. Alimentou a bolha imobiliária que estourou em 2008 e a bolha de produtos de consumo. "Now money is flowing into the high-end asset market-things like stocks, bonds, art, wine, jewelry, and luxury real estate. The art-auction houses are seeing record sales" Atenção a tudo isto, porque é preocupante!

Jim Rogers


 Eu costumo ler o que dizem os grandes investidores. Os políticos não interessam para nada, limitam-se a fingir que mandam. Coitados! Segundo o investidor americano Jim Rogers estamos chegando ao ponto em que das duas uma: ou  os bancos centrais vão parar de imprimir dinheiro ou o mercado vaia forçá-los a parar. Diz que a Reserva Federal Americana entrou numa "completa loucura" que tem de acabar.  Reclama uma "convergência saudável" entre a FED e os mercados.

Protestar lendo


Considero inteligente, criativa e radical esta manifestação de protesto que aconteceu em Istambul. A cadeia televisiva Al Jazeera mostrou imagens documentando um protesto chamado de Man Standing. Tudo começou com Erden Gunduz que se manteve em silêncio durante oito horas em frente do Centro Cultural Ataturk na praça Taskin de Istambul. Logo centenas de manifestantes seguiram o exemplo do performer e ficaram no mesmo espaço a ler livros relacionados com temas reflectindo opressão, justiça e desespero. Foram escolhidos, entre outros, o "1984" de Orwell, o "Mito de Sifíso" de Camus e a "Crise do Mundo Moderno" de René Guénon.  

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sarah Charlesworth (1947-2013)

Morreu a americana Sarah Charlesworth que em 1978 fez uma série de fotografias serigrafadas de Aldo Moro quando o primeiro-ministro italiano foi raptado, e depois assassinado pelas Brigadas Vermelhas. Vi em Nova Iorque a exposição Objects of Desire" desta artista conceptual que pertencia à geração de fotógrafos como Sherrie Levine, Richard Prince, Laurie Simmons, Barbara Kruger, Jack Goldstein. Em 1976 fundou com Joseph Kosuth a revista The Fox dedicada à teoria da arte.

Lendas do rock

Na galeria Dorian Gray, situada no East Village de Nova Iorque, inaugura hoje uma exposição colectiva de fotografias de figuras da cena rock. Entre os autores representados destacam-se os lendários Mick Rock, Gene Shaw e Bob Gruen. Conhecem-nos? David, Joey e Lou são os retratados. 

Lagosta azul

Foi apanhada na Nova Escócia uma lagosta azul. Segundo uma pesquisa da Universidade do Maine, a probabilidade de encontrar na América do Norte um crustáceo com esta coloração, provocado por um defeito genético, é de uma para dois milhões. Não sei se é comestível.

Black Swan

"Geopolitical conditions could deteriorate badly in the Middle East and Asia. America's reset toward Asia has alarmed the Chinese, who won't tolerate U.S. interference long term in the region. Then there's the possibility of a Black Swan event. If the S&P 500 drops 20%, the Fed will print more money, so that's not a huge downside risk. But the bond market could collapse, inflation could accelerate, or the Chinese economy could implode. Or we could have a destabilizing political event, or a pandemic..." (Marc Faber)

Bad Day

É uma revista cultural, fundada em 2007 por Eva Michon e Colin Berg com base em Toronto, que se publica duas vezes por ano. Já vai na 15ª edição, o que provoca alguma surpresa aos envolvidos no projecto da Bad Day. Tem sobrevivido sem investidores nem subsídios dos governos.

Vendetta do poeta

A estátua de Carlos Drummond de Andrade que está no calçadão da praia de Copacabana teve uma intervenção "poética" dos indignados do Rio de Janeiro. Imortalizado no bronze, o maior poeta  brasileiro surge calmamente sentado com a máscara de Guy Fawkes.

Justiça

Uma das bandeiras da revolta das ruas brasileiras que continua em força é o PEC 37. "... Pretendia punir o Ministério Público não por seus defeitos, mas por suas virtudes. Foi concebida não para inibir eventuais excessos cometidos por promotores e procuradores, mas para impedi-los de obstruir caminhos que levam para longe da cadeia a bandidagem cinco estrelas. Precedida pela revogação do aumento das tarifas do transporte público, a capitulação  da turma que reduziu o Congresso a um clube dos cafajestes ensina que reivindicações nascidas na internet só vingam se ratificadas pela voz das ruas..." (Augusto Gomes-Veja). José Dirceu, que foi o braço direito de Lula da Silva, critica a decisão da câmara de deputados que rejeitou e bem a PEC 37.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Young Guns

Vi ontem na televisão o filme Young Guns com Emilio Estevez, um dos filhos de Martin Sheen, na pele da figura paranóica de Billy the Kid. Claro que está longe da versão de Sam Peckinpah, mas gostei de ver todos aqueles actores Kiefer Sutherland, Charlie Cheen e outros "jovens demais para morrer" que hoje são cinquentões. E a canção Blazy of Glory do bonitinho Bon Jovi, que não aprecio por aí além, fez-me recordar a minha road trip de Nova Iorque a Los Angeles nos anos 80. Estradas desertas, motéis, música alta, uma sensação de liberdade.

Mick Jagger

Mick Jagger num concerto que se realizou ontem em Washington DC brincou com o presidente dos Estados Unidos. “I don’t think President Obama is here tonight, but I’m sure he’s listening in.”

John Kerry

"“I wonder if Mr. Snowden chose China and Russia as assistance in his flight from justice because they are such powerful bastions of Internet freedom,” Disse John Kerry numa entrevista à CNN. E acrescentou que os americanos ser vítimas de ataques terroristas e morrer devido ao acto perigoso daquele indivíduo que parece encontrar-se no aeroporto. É verdade.

Punk Chique

"...The guy was in over his head. It’s not entirely his fault. He comes from this whole other world where the highest value is being chic. That’s the opposite of what we were doing. He kept being pulled in different directions to figure out how to reconcile and it just ends up being completely superficial" (Richard Hell, sobre a exposição Punk: Chaos to Couture comissariada por Andrew Bolton

Artistas sirios

A P21 Gallery de Euston (Reino Unido), um espaço contemporâneo desenhado pelo arquitecto egípcio Abdul Halin Ybrain, apresenta até 1 de Setembro uma exposição de artistas sírios emergentes que através da suas propostas artísticas denunciam a carnificina que está a acontecer no seu país. A deslocação das obras revelou-se uma aventura, envolvendo até contrabando nas fronteiras. Na lista dos participantes nesta mostra destacam-se Ali Ferzat, Fadi Al Jabour, Hamid Sulaiman, Hazar Bakbachi-Henriot, Jalal Maghout, Khaled Abdulwahed, Lens Young Collective, Momtaz Shouaib, Philip Horani, Ramez Bakir, Ramia Obaid, Ronak Ahmed, Samer Saen Eldahr, Tarek Tuma e Zaria Zardasht.

Garry Winogrand


  
Uma retrospectiva de Garry Winogrand (1928-1984), que é considerado um dos mais importantes fotógrafos de rua do século XX, está em tournée nos Estados Unidos. Depois será apresentada em Paris e Madrid. Nascido numa família pobre do Bronx morreu de cancro com 56 anos. Captou imagens de mulheres de todas as idades, de trabalhadores, de cães, de manifestações...aquilo a que um crítico chamou de "uma fatia da american life de costa a costa na década de 60". É o autor daquela icónica fotografia de Marilyn Monroe com o vestido branco levantado pelo vento vindo da grade do Metro

Oliver Delamarche

« Ces guignols [de la Fed] se sont engagés dans une politique de laquelle ils ne peuvent pas sortir et ils essaient de faire croire le contraire, ils ne sont absolument pas maîtres de la situation. Mr Draghi est beaucoup plus malin que Mr Bernanke, mais à un moment ou à un autre, poussée par les politiques, la BCE sera obligée de suivre. » (Oliver Delamarche). Não sei se será exactamente assim mas gosto de ponderar diferentes opiniões.

Pecados capitais


segunda-feira, 24 de junho de 2013

João Belga



Considero o trabalho do João Belga (Luanda,1968), apesar de algumas derivas, bastante consistente. Ancorado nas referências musicais e literárias é um "apropriador de imagens". Na sua obra, onde se podem rastrear a influência de Raymond Pettibond ou do cut up de William Burroughs, há uma componente muito sinestésica. Já se aproximou da instalação ou do vídeo, mas continua sempre às voltas com a pintura que se caracteriza por uma alta dose de ambiguidade figurativa e icónica. Não se preocupa em definir questões como ruptura, continuidade ou mudança. Fala abertamente da fase negra em que esteve agarrado à heroína.
WB-Mantém ainda as mesmas técnicas de abordagem desde a exposição Art Attack em 1997?
JB-Sim, as premissas são as mesmas. Vou coleccionando imagens, sobrepondo-as e apagando. É aquela prática do palimpsesto e, por outro lado, uma técnica que tem a ver com o scratch dos DJs. Apago o que não me interessa e fica só o ruído ou decido pintar tudo bem pintadinho em acrílico e depois coloco por cima spray e marcadores.
WB- E o recente interesse pela fotografia?
JB-Tem a ver com a maneira como pinto. É uma base do meu trabalho, depois surgiram alguns projectos relacionados com o hardcore e aproveitei para expor. Gosto de fotografar, de procurar o contraste do preto e branco.
WB- Gerard Ritcher...e a inspiração Raymond Pettibon.
JB- Bem...(risos) continuo a achar que sou um pintor. Nas telas a preto e branco citei Pettibon. Também aprecio o Jonathan Meese.
WB- Falemos das suas referências literárias que até coincidem com as minhas.
JB-Claro. David Foster Wallace, Michel Houllebecq e Chuck Palahniuk.
WB-Extravagantes, controversos e provocadores. Já agora em que medida a heroína interferia no seu trabalho?
JB-Não conseguia pintar sem heroína. Na altura da ressaca não sabia se poderia voltar a pintar e consumia mais. Demorava imenso tempo a acabar um quadro. Era uma fantasia minha porque, depois de deixar a heroína, continuei a pintar.
WB-Quais são as suas aspirações?
JB- Tento encontrar a felicidade através de coisas simples, mas não deixo de me questionar. Procuro que isso se traduza no meu trabalho que é uma espécie de working in progress.
WB-Não sente necessidade de reconhecimento do mercado?
JB-Consegui um caminho pessoal e interessa-me mais ter uma acção artística ao nível da sociedade. Isso do reconhecimento pode ser difícil de gerir. Só me sinto deprimido quando não consigo desenvolver um projecto.  

Acabou a crise