Não consigo deixar de pensar no filme
The Tree of Life. Há um mês que ando com aquelas imagens a pairar na cabeça. Do princípio ao fim sente-se uma tensão avalassadora. Glaciares, enxurradas, vulcões em erupção, dinossauros e, para acalmar o espírito, campos de girassóis onde o olhar se recompõe. Tudo aquilo é visualmente muito plástico, são momentos cinematográficos de uma enorme beleza. Depois há uma tensão permanente entre o casal
O`Brien e os seus três filhos que vivem em
Simithville, uma terra parada nos anos cinquenta. Mas
Terrence Malick não me pareceu interessado num diagnóstico dos problemas familiares. Pai severo, autoritário e frustrado que viu o "sonho americano" passar-lhe ao lado. Mãe permissiva e etérea, próxima das virgens de
Botticelli. Há um salto no tempo e vemos o filho rebelde e edipiano, já na meia idade, a trabalhar num fabuloso arranha-céus em vidro com árvores no interior. Distante e quase automatizado, parece estar desiludido com a carreira de arquitecto e o casamento. Não me atrevo a falar de metafísica, preciso de ver o filme outra vez.