terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Raymond Pettibon


Em Fevereiro de 2017, o New Museum inaugura uma grande exposição sobre o trabalho de Raymond Pettibon (1957, Tucson). É um dos mais influentes e visionários artistas americanos. Desde o final da década de 1960, produziu milhares de desenhos e instalações que foram apresentadas em museus e galerias de todo o mundo "Nada sai do nada. Todos nós vivemos com as mesmas linguagem e as mesmas influências", afirmou. Este licenciado em economia tem um olhar crítico e mordaz que lhe permite introduzir qualquer coisa desconcertante no espaço da arte. A exposição com o título de Raymond Pettibon: A Pen of Wall Work reúne mais de 700 desenhos, incluindo ainda zines e livros de artistas bem como vídeos feitos com os seus amigos da música. E ocupa três andares do museu. É comissariada por Maximiliano Gioni e será acompanhada por um catálogo totalmente ilustrado co-publicado pelo New Museum e Phaidon Press Limited. Leitor voraz de poesia e literatura, no seu trabalho há sempre uma dialéctica entre o texto e a imagem. Numa entrevista recente, a propósito da sua ligação à banda punk Black Flag, afirmou: "No punk qualquer curiosidade intelectual foi desencorajada. Qualquer humor foi desencorajado. Você tinha que fingir ser um idiota, basicamente". A galeria David Zwirner publicou o ano passado um enorme livro com os seus desenhos políticos. Cáusticos, alguns deles  sobre o Iraque. Há um desenho com um marine e o inevitável punchline: "Isto é para a media liberal de volta para casa! Na verdade, eles gostaram bastante". E mete umas farpas sobre as páginas editoriais do Washington Post e do New York Times. Lamenta o desaparecimento do lado "negro e alternativo" do sonho americano. "O anti-sistema já se tornou sistema. Irrita-me toda a hipocrisia deste consenso do politicamente correcto, da suposta consciência social das celebridades...", sublinha. Petibbon é um enigma, um solitário no meio de tanta unanimidade. Além de seu conhecimento enciclopédico de arte e teoria, rejeita ser um receptor passivo. Tal como ele, eu adoro zebras. Acho que representam o anti-autoritarismo. O verdadeiro. Não o de pacotilha.

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