quarta-feira, 28 de julho de 2021

Lygia Pape

Lygia Pape (1927-2004), membro fundador do movimento neoconcreto do Brasil, ignorou os limites formais, impulsionada por uma fome de unir arte e vida. Como Osvaldo de Andrade, ela se interessou pela história do povo Tupí, especialmente do grupo Tupinambá e sua prática de canibalismo cerimonial, em que devoravam seus inimigos “não de fome”, explica ela, “mas para engolir e assimilar as capacidades espirituais. do outro." O canibalismo foi, é claro, frequentemente citado pelos ocidentais como uma das razões pelas quais as comunidades indígenas precisavam ser conquistadas, apesar da própria história da prática na Europa. Entrevistei esta artista brasileira para a Icon, pouco antes dela falecer.

Em exibição actualmente na galeria Hauser & Wirth, pela primeira vez nos Estados Unidos com a sua série Tupinamba apresenta a sua visão antropofágica de Andrade à luz da história do Brasil conialismo, genocídio indígena e ditadura militar. A mostra também inclui a escultura emblemática de Pape, intitulada Ttéia 1, C (2000/2021), instalada numa galeria galeria separada. Evocando uma dança de movimento, luz e sombra, a obra compreende uma infinidade de fios de prata esticados num ângulo do teto ao chão. Sua forma geral - ecoando a noção de geometria como uma expressão de sensações corporais que Pape testou em Manto Tupinambá - aparece como um X ou um único eixo de iluminação cósmica, dependendo do ângulo de visão. 

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