adios amigos
Há 10 anos
Tchim, tchim ao efémero. Ver, cheirar e sentir
A Espanha parece estar em maus lençóis. Paul Krugan num artigo publicado no New York Times escreve: Why is spain in so much trouble? In a word, it`s the euro. Responsáveis políticos da França e da Alemanha garantem que a moeda única não está em causa, mas os investidores têm sérias dúvidas. E nós? Nervos em franja, à beira do precipício.
Desconfio que há algo de errado com este tipo. A sanha doentia da organização wikileaks que se dedica a divulgar documentos supostamente secretos, mais do que pura coscuvilhice, cheira-me a esturro. Silvio Berlusconi já reagiu. Garante que não participa em wild parties, limita-se simplesmente a promover elegantes e apropriados jantares nas suas mansões. Quanto a Vladimir Putin se calhar não ficou nada melindrado com o epíteto de "macho alfa". O todo poderoso da Rússia tem o culto do físico. É obcecado com a musculatura e de vez em quando, segundo consta, faz uns liftings. Zapatero, "o esquerdista macilento", também aparece citado nas humorísticas apreciações dos diplomatas americanos. Muito mais divertido do que o programa Eixo do Mal onde umas figurinhas ridículas, excluindo o Luís Pedro Nunes, se põem em bicos de pés.
A galeria Novo Século apresenta até 4 de Dezembro a exposição Always do artista António Viana que começou aos 13 anos a coleccionar rótulos e embalagens de publicidade. Cinco décadas depois integra as imagens das latas de Sardines, do leite em pó Milo, da margarina Vaqueiro ou do detergente Omo na sua pintura. Num estilo claramente pop art.
Costumo comprar desde há anos café na Pérola do Rossio. Duzentos e cinquenta gramas de Arábico Timor, moído na hora para saco. Um dos empregados avisou-me de que o preço do quilo tinha aumentado três euros. Está bem, que remédio. "É a primeira cliente a pagar o novo aumento, mas em Janeiro vai subir ainda mais com o IVA", comentou. Aproveitei para fazer um comício contra o governo.
Gostei desta fotografia do colectivo Kamaraphoto. Os fotógrafos abandonaram a via esteticista para assumir uma política narrativa. Tão narrativa que parecem fotogramas de uma película que nunca veremos inteira mas que está explicitamente contada. A propósito, Walter Vinagre participa com Augusto Brázio, Jordi Burch e Sandra Rocha na exposição Interferências que inaugurou hoje no espaço da Avenida da Liberdade, 219.
Sem dúvida que a arte é um reflexo do mundo. Mas a verdade é que a tecnologia das comunicações converteu-nos numa aldeia global e os nossos comportamentos particulares tendem a unificar-se, seguindo os modelos das sociedades que detêm o poder. O panorama criativo actual está dominado por uma vontade de ausência de estilo, o que não significa inovação.
O magnífico pavilhão da antiga FIL, desenhado pelo arquitecto Keil do Amaral, foi ocupado por 41 galerias sendo só 24 nacionais. O que dizer? Julgo que a arte como investimento de moda vai ressentir-se da quebra do sistema financeiro. Arruinados os especuladores, permanecem os aficionados que são muito menos. E mais pobres.
Corporate é o título da exposição de Luc Tuymans que está na David Zwirner Gallery, em Nova Iorque, até 21 de Dezembro. O artista belga explora as implicações e as consequências do "trade and marketing". Cores de chumbo, senhores de fato completo, mesas de reunião, ambiente a irradiar um silêncio pesadíssimo. Que decisão vão tomar? Pintura-pintura e com mensagem crítica.
Ver passar os comboios apinhados à hora de ponta que despejam pessoas nas periferias de Lisboa é um espectáculo deprimente. Fertagus e Meleças anuncia uma voz feminina na estação de Sete Rios ao anoitecer. Sinceramente, fui invadida por um certo mal estar. Quando o relógio digital marcava 18 horas e 47 minutos apareceu o regional para as Caldas da Rainha. Na minha carruagem, funcionários públicos falavam da greve geral num tom de galhofa. Que bom, amanhã não vamos trabalhar. Depois a conversa concentrou-se no futebol e nos animais de estimação.
Desci a Rua do Alecrim num passo rápido a fugir da chuva que não se quer ir embora. Almocei na Confraria que agora abriu um segundo espaço no Lx Boutique Hotel. Saboreei uma dúzia de California Rolls com recheio de abacate e camarão, bebi um copo de vinho tinto e apreciei a decoração onde o florido papel de parede combina com os sofás em tons azul. Proporciona além do ambiente sofisticado a simpatia da Catarina. Um dia destes vou até lá experimentar o carpaccio de peixe com molho de sete ervas. Na hora do lanche há chá e scones.
Painéis de azulejos assinados por Carlos Aleluia decoram a estação ferroviária das Caldas da Rainha que é um deserto. Eu, que gosto de viajar de comboio, entristece-me o estado desolador da linha do Oeste.