Voltemos à vaca fria. DSK foi entrevistado na televisão TF1 por uma jornalista amiga de
Anne Sinclair, a devota esposa que só pode ser um caso psiquiátrico ou algo de muito sujo. Como é que uma mulher, depois do marido assumir a ocasional relação "consentida" e não "paga" com uma empregada de limpeza do
Sofitel, se deixa humilhar desta maneira? O antigo patrão do FMI tentou limpar a sua imagem, mas não convenceu ninguém. Trata-se de um mentiroso crónico, que toda a vida utilizou o poder para abusar das mulheres e sempre encontrou uma saída elegante à boa maneira francesa. Acho que este ricaço merecia passar uma boa temporada na cadeia. Mas temo que dentro de um par de anos regresse à política. Apesar de tudo, aconteceu uma coisa interessante. Nos bistros, bares, mercados e escritórios o Grand Seigneur é agora assunto de conversas e anedotas maliciosas. O homem que salta para cima de uma mulher à má fila sem pedir licença nem sequer avisar. De facto, 50 anos depois do aparecimento do MLF (Movimento de Libertação da Mulher), a sociedade francesa "continua ainda muito arcaica no que toca às relações entre homens e mulheres", reconhece
Dominique Senequier que dirige os Fundos de Investimento Europeu Axa. Já
Patricia Barbizet, directora geral da
Artemis, a holding financeira do grupo
Pinault, afirma que o caso DSK contribuíu para "libertar a palavra feminina". Elas sabem lutar contra os vexames e encontrar o tom para repudiar os avanços dos chefes nas empresas.
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