quinta-feira, 4 de agosto de 2022

AMLO desafia o império


"À medida que o compromisso do governo mexicano com a independência energética se choca com os interesses financeiros dos EUA, o presidente Manuel López Obrador ameaça colocar a soberania acima do acordo comercial do USMCA. Os EUA não estão apenas lutando (e para todos os efeitos perdendo) uma guerra por procuração contra a Rússia na Ucrânia, enquanto aumentam as tensões com o seu maior rival geoestratégico, a China; também está presa num jogo de risco econômico com seu segundo maior parceiro comercial, o México, que poderia, num cenário de caso extremo, acabar por quebrar o Acordo Comercial EUA-México-Canadá (USMCA) apenas quatro anos após sua inauguração. A última escalada ocorreu em 20 de julho, quando a representante comercial dos EUA, Katherine Tai, revelou que os EUA solicitaram consultas de solução de controvérsias com o México sob o USMCA sobre supostas violações do acordo comercial na esfera da energia. A notícia veio poucos dias depois que o presidente mexicano Andrés Manuel Lopez Obrador, ou AMLO, se reuniu com o presidente Joe Biden para discutir interesses políticos compartilhados. Em sua declaração, a Embaixadora Tai acusou o governo do México de obstruir o funcionamento de empresas privadas, nomeadamente no setor das energias renováveis; na importação, exportação e armazenamento de combustíveis e energia elétrica, bem como na construção e operação de postos de combustíveis.

"Mesmo que [os EUA] sejam o mercado mais importante do mundo, se ter acesso a esse mercado significa abrir mão da soberania, não aceitamos. Não entregaremos nossa independência a nenhum governo estrangeiro”, disse AMLO, acrescentando que tal ruptura não ocorrerá, pois não é do interesse de nenhum país. Mas, como o colaborador da Jacobin Kurt Hackbarth observou em um tweet, a ameaça implícita está lá."  (Via Naked Capitalism)

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