Depois de um amuo já passado, juntaram-se na
Livraria Almedina do Atrium Saldanha os fundadores da
Coluna Infame que animou em 2002 as hostes da ainda incipiente blogosfera portuguesa. Pedro Mexia, Pedro Lomba e João Pereira Coutinho foram os convidados do
Café dos Blogues, uma iniciativa coordenada e moderada por
Carla Hilário Quevedo que acontece nas últimas quintas-feiras do mês. Os rapazes, agora trintões, vieram de Oxford com vontade de "travar um debate político contra a hegemonia cultural da esquerda". A sua grande referência nesta matéria era
Andrew Sullivan. Num ambiente descontraído e bem humorado decorreu a típica conversa de café sem o precioso estimulante. Retive duas afirmações de Pedro Mexia com as quais não concordo. "Vivemos com o mito da independência, nenhum jornal se inclina para lado nenhum talvez com excepção do
Público" e "dois terços das canções de
Bob Dylan são vinganças contra alguém". Pedro Lomba acha que o país mudou imenso, desde o tempo em que postavam na
Coluna Infame. João Pereira Coutinho, com aquele ar de menino brincalhão, sugeriu a feitura de uma revista cultural com colaboradores anónimos. "Talvez fosse uma experiência sociológica interessante. Seria, pelo menos, um choque de realidade". A propósito de anónimos, sublinhou que lhe enviam comentários a desejar-lhe doenças oncológicas. Risos. "Não é grave, só que sou hipocondríaco". Passou-se à
fase das perguntas do público. Gostei das palavras do músico Tiago Cavaco, bloguista e pastor de uma igreja Baptista, que trazia umas sapatilhas lindíssimas. Disse apenas que aquele trio lhe tinha mudado a vida. O incrível Maradona não compareceu mas enviou perguntas com água no bico. "Terão mesmo ultrapassado a animosidade que os levou à cisão?"
Já agora o pomo da discórdia foi o execrável Daniel Oliveira que qualificou João Pereira Coutinho de "extrema direita". Claro que o visado, um libertário conservador, respondeu-lhe à letra. Arrasador. Lomba e Mexia portaram-se mal, não se solidarizaram com o amigo que decidiu abandonar a
Coluna Infame e ponto final.
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