Vem tudo isto a propósito da biografia de
Giséle Freund que comprei há anos na Ba
rnes & Nobles da Union Square, em Manhattan. Estive a folhear o livro e empolguei-me. Nascida em 1908 na cidade de Berlim é um desses personagens que perduram na minha galeria dos eleitos. Estudou Sociologia e História de Arte em Friburgo e depois em Frankfurt, no Instituto de Investigações Sociais onde ensinava
Adorno. Eram os agitados anos anteriores ao nazismo, a época inquietante e profunda da nova objectividade, um dos raros momentos realmente dialécticos da história. Em 1933 exilou-se em França. Nas bibliotecas de Paris cruzava-se com
Walter Benjamim e, por vezes, encontravam-se para jogar xadrez nos cafés. O seu célebre retrato de
Malraux iniciou a série de artistas e escritores que logo se tornou a sua especialidade: uma sábia combinação de documento histórico e retrato psicológico. Sempre usou uma máquina
Leica e sempre fez o contrário do que a técnica pedia.
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