Nascido na Austrália era um dos críticos de arte mais controversos. Morreu na segunda-feira em Nova Iorque, cidade onde vivia desde a década de 70. Não fazia o meu género, até o achava arrogante e conservador. Questionava o valor artístico das últimas vanguardas, mas sempre utilizou uma linguagem clara e objectiva o que é desgraçadamente pouco frequente no universo dos críticos, tão dados ao obscurantismo dialéctico. De Julian Schnabel, menino mimado e cotizado da inteligentsia nova-iorquina no início dos anos oitenta, disse que não sabia sequer desenhar como se isso depois de Duchamp fosse importante. A Keith Haring, numa sátira em verso, chamou-lhe Keith Boring. A pintura de Eric Fischl mereceu-lhe este reparo: "uma visão suburbana que cheira a mijo de cão e a fluídos de esperma". Qualificou Andy Warhol de "anormal, homossexual e maledicente". Algumas das suas análises incidiam naquilo que classificou de "cultura da queixa". Sustentava que muitos dos grupos artísticos minoritários nos Estados Unidos (homossexuais, latinos, negros, feministas e diversas manifestações políticas) fizeram da sua situação social um movimento estético aceite pelas instituições que até garantiam quotas nas exposições. Obviamente que estas ideias não agradavam aos republicanos nem aos liberais. "A arte americana estrangulou-se a si mesma mediante uma combinação de ressentimento sexual, ideologias baratas, insuficiente estudo técnico e, sobretudo, por essa crença tão espalhada como incrível hoje em dia de que se alguém tem uma queixa de algo, isso constitui uma declaração estética".
Robert Hughes, crítico principal da revista Time durante mais de 30 anos, nunca percebeu a cultura americana. Cursou arquitectura em Sidney, mas tinha um ar de boxeur. Gostava de cozinhar e de pescar.
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