Não sou apreciadora de ficção científica, mas voltei a ler Eye in the Sky do escritor americano Philip K. Dick que imaginou algo de muito parecido à industrial music dos anos 80, a era do sampler. "...Já vislumbro jovens sentados no chão dos seus apartamentos de North Beach, sumidos no êxtase profundo de accionar comandos e interruptores com o propósito de afinar tonalidades e volumes, enquanto soa o incrivelmente autêntico rugido dos motores, as tormentas de neve, os camiões carregados de lixo e outros sons ainda mais estranhos, gravados para seu gozo espiritual". O autor de Time out the Joint fala de mundos angustiantes e irreais onde os protagonistas movem os seus próprios destinos guiados por uma fatalidade excessiva, transtornos psíquicos e ideias visionárias. Além da sua inegável qualidade literária e da maneira como revela aspectos profundos da natureza humana, existe nas suas narrativas uma inquietante especulação com o tempo e a história. ( As ilustrações são de Charles Burns)
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