África se recicla

Na Fundação PLMJ inauguraram ontem duas exposições de arte africana contemporânea. Parece-me interessante observar Outras Coisas do moçambicano Jorge Dias e Na Boca do Povo do angolano Lino Damião com olhos mais didácticos do que os da crítica puramente artística que nos pode levar a uma visão totalmente "ingénua" dos factos ou pervertida na escala dos conceitos ocidentais da realidade artística. Confesso que sou mais sensível ao trabalho de Lino Damião que desenvolve uma crítica mais incisiva à situação social e política do seu país de origem. Jorge Dias aborda as mitologias e conceitos mágicos, utilizando nas esculturas materiais pobres como papel de jornal. Miguel Amado, o comissário da mostra, pronuncia-se no catálogo, sobre a produção dos dois artistas que considera terem pontos em comum. "...Tais obras ancoram-se na experiência vivida do quotidiano daqueles países, suscitando uma visão do mundo de matriz cosmopolita", salientou.