"A moda de hoje é a roupa de trabalho", afirmou em 1923 a construtivista russa
Varvara Stepanova. Induzidos pelo ambiente de euforia dos primeiros anos da revolução, um assombroso grupo de criadores trataram de acabar de uma vez por todas com o vestuário da burguesia e de dar vida às telas, trajes e vestidos da nova era, a do triunfo final e apoteótico do proletariado. Em 1933
Kazimir Malevich pinta uma série de retratos que recordam aqueles nobres italianos pintados por
Piero della Francesca. Fora do tempo, estéticos e lapidares confundem-nos com a sua voluntariosa monumentalidade e a sua hierática entrega. Há algo neles de insidioso e irreal. Em 19189, em pleno fervor revolucionário escreveu um manifesto intitulado "Aos inovadores do universo inteiro". Durante os últimos anos a história da indumentária russa foi objecto de várias exposições em Paris, Milão e Nova Iorque. A imagem do escultor
Rodchenko num fato de trabalho idealizado por ele mesmo, as nadadoras, ginastas e bailarinas nas peças em vermelho e negro de
Stepanova, os desenhos de algodão de
Popova substituindo as formas orgânicas por módulos geométricos tornaram-se emblemáticos. A fotografia que não deve arder na fogueira da moda caprichosa e destinada à alienação.
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