quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Política das celebridades


O jornalista e escritor Jacob Silverman, autor do livro Terms of Service: Social Media and the Price of Constant Connection, escreveu um dos artigos que considero mais consistentes sobre as delirantes eleições americanas. Fala do esvaziamento total da cultura pop do seu potencial "subversivo". A coisa tornou-se tão ridícula que houve "especialistas" americanos a insistir "com perfeita seriedade que era importante a cantora Taylor Swift mencionar Hillary Clinton antes da eleição para se perceber como a nossa política está contaminada pela ideia de celebridade". Refere ainda o "abraço liberal e tolo de Hollywood" que foi exibido durante a campanha fracassada da candidata democrata. "Essas opiniões são o veículo errado para alcançar os eleitores do Wisconsin". O halo de glamour só funciona no mundo dos "colegas das elites que pregam um liberalismo mole sem dizer nada sobre o imperialismo americano ou a igualdade de rendimentos". O articulista também critica com humor os titãs de Silicon Valley  como Peter Thiel e outros cujo pensamento político parece "vir principalmente do entretenimento das suas infâncias". Por exemplo, Elon Musk disse que a educação deveria ser como um videogame. "A indústria da tecnologia prospera numa sensibilidade moonshot, pregando a mudança e votando como sucedeu recentemente em San Francisco para confiscar as tendas dos homeless montadas nas ruas. A imaginação sem limites é praticada ao lado de uma mesquinharia quotidiana". Diz ainda que Donald Trump é uma criação dos media, produto de uma cultura de entretenimento superficial. "Como Hillary Clinton e as suas numerosas celebridades apoiantes é obscenamente rico, membro de uma elite económica, que na tradição do retomar do mito americano, quer reformular-se como um populista. Há anos atrás Trump e os Clinton eram bons amigos". E chama a atenção para uma entrevista de Oprah onde a estrela televisiva afirmou que o magnata tinha sido humilhado pela sua vitória. "Trump é afinal um deles" concluiu. .

Sem comentários: