quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Dan Graham



É curioso. Não me interessava nada a arte de Dan Grahan. Sem dúvida que é um artista importante no movimento do conceptualismo dos anos 60. Mas...li há dias uma entrevista dele que me deixou maravilhada. Estamos em sintonia quase total. Adora rock and roll e idolatra Ray Davies dos Kinks a quem prestou homenagem no topo do pavilhão que fez para a Hayhard Gallery, em Londres. Disse que não se sente próximo de Isamu Noguchi  porque não entende o que é o modernismo, parece-lhe um tipo de palavra vazia. Aí discordo.

Odeia a arquitectura de Rem Koohlas. Me too. Adora Paris e Nova Iorque porque gosta observar os  turistas que aterram nestas cidades em avalanches. Não aprecia a música de Patti Smith, mas Thurston Moore dos Sonic Youth tinha as chaves da sua casa e "eu das dele". Mas o seu grande heroi da música é Ray Davies. Ponto final. Diz que a música de hoje é uma má cópia sintética dos grandes músicos.

"Sempre olhei para as coisas do ponto de vista antropológico e não sociológico. Não confio na abordagem  sociológica das críticas. È tudo tão académico. Sou anti-académico. Quando entrei na arte todos os artistas eram escritores. Andy Warhol era um grande escritor, embora fosse disléxico. Dan Flavin e Donald Judd pretendiam ser uns James Joyce.

Confessa que muitas das suas melhores ideias vieram da moda. Até fez uma escada para uma loja de roupa masculina da Dior quando o director criativo era Hedi Slimani que também é um fã do rock e faz fotos extraordinárias.

Descreve-se como um anarquista. Um provocador, um rebelde. Não se vê como politico mas como um subversivo. Dantes apreciava o socialismo francês e o nórdico...mas onde é que isso já lá vai...Nunca tive boas relações com Daniel Buren que era uma espécie de animal politico e simplificava a arte de Dan Flavin. Não gosto do Duchamp, era muito formalista e destituído de humor. Não percebo porque é que as críticas o valorizam tanto. Descobri que Courbet, um ódio de estimação do emproado Duchamp, era maravilhoso.

Não gosto nada de Foucault que me parece muito redutor sociológicamente. Nunca li Deleuze mas ouvi dizer que Derrida era uma pessoa muito cool. Não gosto de Robbe -Grillet e de outros escritores com tendência para complicar. Gosto de Michel Butor. Aprendi muito em França quando lá vivi, mas não acredito na filosofia francesa.

Adora arquitectura. Admira sobretudo a arquitecta japonesa Itsuko  Hasegawa, que nunca se deixou inflluenciar pelo mercado nem por impulsos populistas, e de Robert Venturi. 

Vi em 1991 uma exposição de Dan Graham no rooftop do Dia Center Art Foundation, em Nova Iorque, O artista transformou o telhado num parque urbano de pequena escala para o bairro de Chelsea. O projeto incluia um pavilhão de vidro arquitetônico em grande escala projetado por Graham em colaboração com os arquitectos Mojdeh Baratloo e Clifton Balch. Construído a partir de um vidro espelhado, as paredes do pavilhão mudavam entre os estados transparentes e reflexivos conforme a intensidade da luz mudava, criando efeitos visuais mutáveis ​​e complexos com o céu, paisagem circundante e interações com pessoas no telhado. 

 Ainda se conidera um escritor-artista. "Eu escrevo por prazer. Publico uma coluna para a Abitare , a revista italiana de arquitectura, e acabei de terminar um ensaio de catálogo sobre o humor de Sol LeWitt. E fez pequenos filmes. "Os artistas de que gosto não fazem arte dos anos 60, mas estão envolvidos com a história real. Walter Benjamin falou sobre artistas que “acabaram”. Paul McCarthy é outro artista meu favorito - tenho um desenho dele onde refez as bolhas de Michael Jackson. Ele estava lidando com os anos 80, enquanto gente como Jorge Pardo olha para os anos 60. Eles não lidam com o passado recente. .." 

Dan Graham tem 79 anos. Uma artista multimedia? Prefiro classificá-lo como um artista hibrido. É como ele se define. 

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