Ofereceram-me este livro e esqueci-me dele, sem a mínima vontade de o ler. Confesso que os escritores franceses nunca me entusiasmaram e, quanto, a psicanalistas sempre alimentei um enorme preconceito. Em suma, não acredito neles. Mas...estava a arrumar a estante e deparei com
Une saison chez Lacan. Conhecia vagamente
Pierre Rey, um autor de
best-sellers que tinha sido director da
Marie Claire nos anos 60. Numa daquelas entrevistas parvas perguntaram-lhe porque é que escrevia. Pela glória, pelo dinheiro, pela imortalidade? Respondeu honestamente que preferia o dinheiro. Durante dez anos, o escritor apodado de play-boy fez análise com o gurú mais ardentemente venerado desde
Freud. Daí a publicação do livro que não fala das técnicas lacanianas mas da vida comum. "A criatividade está sempre fora das Academias. Há que desmistificar tudo...", dizia. Até esse personagem enigmático, um Lacan que fuma sem parar
Punch Culebras Davidoff e parece saber mais do que o normal. O Lacan que cobrava altas somas em dinheiro vivo logo após cada sessão e que parecia indiferente ao sofrimento das pessoas. Todo o mito e a lenda da grande figura, servido com a simplicidade humanizante e niveladora do escritor que consegui tornar o chatíssimo Lacan interessante. Não sei o que a famosa revista lacaniana
L`âne pensa do livro.
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