O New Museum de Nova Iorque apresenta uma retrospectiva da multifacetada obra de Brian Gysin (1916-1986) que era um personagem incendiário. Paul Bowles, quando o entrevistei em Tanger na década de oitenta, descreveu-o como um homem luminoso e feliz. Precisamente-sublinhou- o oposto da figura de Gore Vidal. Era um nobre viajante do espírito que procurava casar as iluminações. Na sua juventude em Paris tinha pertencido ao grupo dos surrealistas donde foi expulso pelo papa André Breton. Foi do método surrealista e do consumo da canábis marroquina, que lhe saíu o cut-up. Mantinha uma paixão estética com William Burroughs e juntos investigavam os mecanismos de controlo. Inventou com Ian Sommerville a Dream Machine que era um cilindro cheio de fendas que, quando colocado numa mesa de mistura, emitia raios de luz. Em Tanger onde viveu largos anos, sempre na busca de formas literárias e pictóricas vanguardistas, abriu o lendário restaurante Mil e uma Noites. Ali actuavam os Master Musician of Jahjouka cujos transes musicais encantaram Brion Jones dos Rolling Stones.
Brian Gysin trabalhou com diversos músicos de jazz e poucos meses antes de morrer, vítima de cancro, subiu ao palco do Palace de Paris para cantar com Ramuntcho Matta, o filho do pintor Roberto Matta.
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