quarta-feira, 25 de maio de 2011

Traumas franceses





Uma certa intelectualidade francesa tentou transformar o chamado affaire DSK num thriller internacional envolvendo conspirações políticas de vários quadrantes. Mas... "calm down everybody-you`have been watching to many films", afirmou um comentador americano antes de passar ao ataque. As feministas francesas também vieram a jogo, desmontar as teorias de tipos como Jack Lang ou Bernard-Henri Levy que acusaram de misoginia. A tão badalada sedução passou a ser descarado sexismo, um crime que continua a beneficiar de imunidade num país onde 75 mil mulheres são vítimas de violação cada ano. O "irresistível" Dominique, frequentador ocasional do clube de swinger Les Chandelles chegou a dizer do alto da sua arrogância: gosto de mulheres, e depois? E o pavãozeco do filósofo Levy rosnou contra o sistema americano que tinha tratado o amigo como se fosse um qualquer. Everybody is not everybody. O elitismo reaccionário da elite francesa mete-me nojo.
"... Suddenly, DSK, the Grand Seducteur, the infamous lover of women was revealed as nothing more than a dirty old man unable to control himself. In the process, the very French mythology surrounding sex – particularly of the extra-marital kind – as a private, elegant and decorous game, was exposed as a big lie serving, primarily, as a rampart for the patriarchy. How fitting it was that the nemesis (both of the man and the myth) should be played out in America, the home of the witch-hunt and the cradle of political correctness. And how predictable that so much of the reaction to this story has centred, on both sides of the Atlantic, upon a visceral clash between two world-views..." Escreveu no seu blog a escritora britânica Lucy Wadhman que viveu em França durante longos anos.
Detesto a cultura francesa, até a língua me põe os nervos em franja. Aquele pedantismo old fashion é ridículo. No final dos anos noventa estive num jantar em Nova Iorque com Jean Baudrillard na casa de amigos comuns e o homem revelou-se um perfeito cabotino. De tal maneira que eu e o Kenny, um artista plástico cunhado do anfitrião, trocávamos olhares irónicos com a verborreia do francês que viajava sempre na companhia de uma professora da Sorbonne com quem mantinha uma ligação amorosa. Depois em Paris voltava para a casinha e a esposa que devia achar tudo muito natural.
Vale a pena ler o Masculins Singuliers do suiço Paul Ackermann que fala do homem sem complexos de identidade. Reconciliado com as mulheres e com ele mesmo. Afirma que as novas gerações de franceses, mais globalizadas e influenciadas pelas teorias feministas, já são diferentes. A imagem do sedutor, do libertino, do epicurista com "savoir vivre", do devorador de mulheres está fora de moda. Só funciona nas elites masculinas com mais de 50 anos e muita merda livresca na pinha.

1 comentário:

fallorca disse...

«Só funciona nas elites masculinas com mais de 50 anos e muita merda livresca na pinha.»
Na pinha e na pilinha ;)