quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Violette e Slimane




As peças de Banks Violette são frias e sombrias. Essa vibração é muito própria da arte deste artista americano que o designer Hedi Slimane contratou para colaborar em algumas das peças da Celine Art Project. Trata-se de de uma serie de lustres "colapsantes" que serão apresentados este mês nas lojas da  marca. Violette que conheci em 2015 na Team Gallery fez uma carreira canalizando glamour e distopia chique. As bandeiras americanas pretas e esfarrapadas e os cavalos fantasmagóricos do artista multimídia adornam jaquetas de couro, suéteres e moletons selecionados da coleção lançada pela Hedi Slimane. Os assuntos de Violette incidem na compreensão da complexidade crescente dessa iconografia tradicional americana que, por vezes, se torna um tanto lunática. Um amigos desde 2005, Hedi Slimane foi curador de uma exposição na Arndt & Partner Gallery, em Berlim. Intitulada evocativamente 'Sweet Bird of Youth' reuniu um grupo de jovens artistas que faziam parte de uma cena de mudança em Nova Iorque. Decadência e rebelião era o lema. O movimento talvez tenha sido personificado por Dash Snow, cujas polaroids capturaram os seus amigos e as suas façanhas. Havia ainda outros artistas como Terence Koh, Ryan McGinley, Nate Lowman e Banks Violette cujas obras se cingiam ao preto e branco. Tudo muito estética heavy metal, a música que ouvia. No ano passado Slimane contactou Violette, pedindo ao artista que adornasse peças da sua coleção masculina outono/inverno 2022 para Celine. Uma bandeira americana foi bordada nas costas de uma jaqueta de couro que é uma peça visualmente muito apelativa . 
A galeria Team pertencia a José Freire, um espanhol da Galiza que decidiu ir viver em Nova Iorque. Dos nomes da galeria que ficava no SoHo distinguiam-se Steven Parrino que morreu num acidente de mota em 2005, Cory Arcangel, Banks Violette, Ryan McGingley, Santiago Serra e Massimo Grimaldi. Eu, sempre que podia, não perdia as openings das exposições da Team que transbordavam para a rua Wooster Street. Infelizmente a galeria, que abriu em 1996, fechou em 2016 devido a um "drástico aumento de aluguer", segundo a revista Art in America. Nunca mais soube nada do José Freire. Será que voltou para a Galiza?

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