sexta-feira, 29 de março de 2013

Reality show

Não me apetecia nada falar do assunto. Só vi metade da vergonhosa intervenção de Sócrates, perante a passividade de dois verbos de encher encolhidos, porque já não aguentei não só a pobreza da narrativa como o estilo autoritário do indivíduo. Representa o pior dos portugueses que já não são grande coisa. Estes que nos governam não sabem governar, mas também não será o partido socialista que nos vai tirar do buraco. O senhor Hollande, a tal grande esperança inspiradora, atingiu uma impopularidade record em França como nunca se tinha visto num espaço de tempo tão curto. Desceu de 65 para 30 por cento. Vale a pena ler um artigo implacável publicado no jornal Le Monde. "...Dans une société française caractérisée par la peur – celle de la chute sociale –, le simple fait d’avoir envisagé de toucher aux dépôts bancaires confirme le sentiment que plus rien n’est garanti. Et que l’Europe peut aussi représenter une forme de menace. Crise sociale, enfin et surtout, avec un niveau du chômage historique, aggravé, s’il en était besoin, par le contexte budgétaire et l’épuisement des amortisseurs sociaux – ceux-là mêmes qui font que la France ne craque pas."
Já agora só mais uma coisinha: os chamados debates políticos televisivos são autênticos reality shows. Fiquei envergonhada com a mesa de comentadores da Sic que se seguiu à entrevista do delegado de propaganda médica. Miguel Júdice, cujo escritório de advogados lucrou imenso com as PPPs e outras vigarices, todo espamarrado numa postura inadmissível como se estivesse no sofá da sua casa, a dar uma no cravo e outra na ferradura. A múmia de Miguel Sousa Tavares a tentar desculpar a política do "animal feroz". O ladino Ricardo Costa igual a si próprio e Gomes Ferreira, o único que no seu tom manso ainda tentou fazer alguma pedagogia.  

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