Pedro Costa, com quem me identifico e já agora também sou capicórnio, fez um filme sobre Jean-Marie Straub que classifica "obra de um fanático, de rock. "Filmei uma história de amor perfeito à maneira do antigo cinema de Hollywood. No cinema ou na vida qualquer história de amor acaba mal. Gosto de fazer coisas diferentes. Os meus filmes tem mais a ver com sentimentos do que com pessoas. São muito construídos, mas tentam estar perto de uma certa verdade". A verdade de Pedro Costa tem a ver com a minha. Ele afirmou que “em Portugal e noutros países,, há falta de consciência de muitas coisas, e há um oportunismo e uma ignorância a todos os níveis. "Temos uns parolos, uns pacóvios e uns ignorantes que fazem um cinema que não se diferencia da televisão mais bruta, mas que sobretudo não é comercial, ou seja, nem sequer rende na bilheteira para que se possa reproduzir esse modelo, portanto, eles vivem tal como eu vivi, e outros meus colegas vivem, de apoios.
"Havia um pequeno mundo punk em Portugal e eu andava por aí. Também tocava. A nossa atitude era uma coisa que acho que deixou de existir: um bocadinho política por um lado, agressiva – selvagem, às vezes… –, muito provocatória. Éramos sempre do contra, cuspíamos em toda a gente, andávamos muito à pancada. Era uma atitude! E, sem querer ser muito exagerado, quando chegámos à escola de cinema com isso, aquilo produziu o seu efeito. Especialmente no António Reis, que nos disse: “Façam o que quiserem, vocês têm razão. Escrevam aí nas paredes... Portugal é um país muito marcado, que ainda não teve tempo de se libertar do séc. XX, um período muito manhoso, muito chato. Eu vivi isso. Para se conseguir juntar 300 pessoas para protestar ou reivindicar alguma coisa, é uma loucura. Isso parte-me o coração. Basta olhar para a Catalunha, ou para Valência e, se há um problema, juntam-se 6000 pessoas de repente e, se for preciso, partem uma esquadra de polícia. Mas cá, antes de se fazer alguma coisa, vamos beber uma cerveja e: “ah, o meu pai”; “ah, a minha carreira”; “ah, o dinheirinho”; “ah, o meu carro”.
Ne change Rien, (2009) é o título de um filme feito por Pedro Costa sobre a música Jeanne Balibar. É verdade. Não muda nada.
Sem comentários:
Enviar um comentário