Até 22 de Setembro o Museu Middelheim de Antuérpia apresenta uma exposição intitulada Earthbound Ana Mendieta que reúne uma parte do trabalho desta artista cubana-americana. Desde filmes experimentais e fotografias - muitas vezes filmadas no filme Super 8 que caracterizariam a sua relação com a natureza, seja em um riacho ou corpo nu coberto de penas e sangue (ambos elementos recorrentes em seu trabalho).esta série chamada de Silueta, insinua a sua própria necessidade primitiva de se ligar com os elementos naturais e práticas antigas do mundo. Earthbound centra-se nos quatro elementos: terra, fogo, água e ar. Utilizava materai como argila, água e plantas
Foi em Oaxaca, no México, em 1973, que Mendieta criou a primeira de suas inovadoras imagens Silueta . A artista nascida em Cuba vivia nos EUA desde 1961. Com a sua irmã imigraram para Iowa sem os pais que só vieram em 1979 nseridos na Operação Peter Pan, uma esquema do governo dos EUA concebido no início do poder de Fidel Castro, que viu 14.000 crianças desacompanhadas chegarem à América vindas de Cuba.
O trabalho de Mendieta era confrontante e feminista. A sua obra fez dela uma das mais importantes vozes femininas no mundo da arte nos anos 70 e 80, e quando ela morreu com 36 anos em circunstâncias suspeitas (possivelmente às mãos do seu marido, o famoso artista americano Carl Andre, embora ele tenha sido absolvido três anos depois de ser acusado de assassinato de segundo grau. O julgamento aconteceu sem júri. O porteiro do prédio disse ter ouvido, antes da queda a mulher gritar: não, não. Quando André faz grandes exposições há sempre protestos de mulheres furiosas contra ele, acusando-o de ter atirado Mendieta de um 34º andar no edifício onde o casal vivia. O mundo da arte dividia-se entre aqueles que pensavam que Andre era culpado e aqueles que o consideravam inocente. Sobretudo, galeristas, colecionadores e outros que beneficiaram da sua lucrativa carreira. Muitos do lado "culpado" pensaram que Andre era protegido como um homem branco na cena artística, e que uma artista cubana nunca teria o mesmo reconhecimento ou justiça. O argumento que o casal teve na noite da morte de Mendieta e a controvérsia depois ilustram a frustração sentida pelo sexismo profundo numa comunidade dita "progressista".
O argumento continua há décadas sem fim à vista. Houve um livro escrito , numerosos artigos cobrindo a história e protesto após protesto feito em nome da memória de Ana Mendieta. André, uma figura icónica do minimalismo, que considero um artista detestável, continua em grande e a fazer montes de dinheiro. Ainda recentemente houve uma retrospectiva dele no MoCA de Los Angeles, cujo director e co-curador foi Philippe Vergne que fez pouca menção a Mendieta. Ele só se referiu publicamente ao incidente uma vez - brevemente, no Nova Yorker 201. Sob o pretexto de narrativa imparcial. “Voluptuosa, “encantadora, insegura, temperamental e ambiciosa” casou-se com Carl; ela era “claramente talentosa”, mas aproveitou o seu acesso às alturas do mundo da arte para promover o seu próprio trabalho “original e um tanto mórbido.. Philippe Vergne foi altamente contestado no Museu de Los Angeles. É agora o director de Museu de Serralves.
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