sexta-feira, 7 de junho de 2019

Pedro Neves Marques

Pedro Neves Marques é um artista visual e escritor, nascido em 1984 em Lisboa e radicado em Nova Iorque. Também faz filmes e vídeos tingidos de ameaças futuristas. Explora temas como as relações tensas dos investigadores biológicos entre si e com o mundo natural. As suas obras têm muito em comum com a ficção científica, mas acima de tudo são políticas. O que está em foco é a ecologia sob todos os pontos de vista. Representado pela Galeria Umberto di Marino de Nápoles, ganhou a última edição do Illy Present Future Award na Artissima 2018 e  a sua metragens intitulada Art and Hurt (A arte faz mal à vista) foi premiada no DOC Lisboa em 2018. As obras de Pedro Neves Marques têm muito em comum com a ficção científica, mas acima de tudo são políticas. do illy Present Future. Segundo disse, numa entrevista, cresceu com a literatura de ficção científica. "A ficção científica, ou ficção especulativa, depende da construção do mundo, que simultaneamente está e não está conectada ao “mundo real”. Essa qualidade de construção do mundo é algo que me atrai muito". Sementes transgênicas, mosquitos geneticamente modificados e andróides são  protagonistas na sua  cosmogonia pós-natural. Fala da desumanização da terra e dos seus animais. "Eu cresci na literatura de ficção científica. A ficção científica, ou ficção especulativa, depende da construção do mundo, que simultaneamente está e não está conectada ao “mundo real”. Essa qualidade de construção do mundo é algo que me atrai muito. Ao mesmo tempo, porém, tento mantê-lo perto do presente, quase a ponto de disfarçar a ficção científica, e pode até passar despercebido a princípio. Com o meu último projeto, A Mordida, a ficção científica não é sequer fictícia: seus principais personagens - mosquitos geneticamente modificados - estão muito vivos, eles já existem", afirmou.
 Num dos seus vídeos intitulado "Semente Exterminadora", ​​uma planta androide reivindica direitos corporais conversando com um robô feminino, YWY. Sobre os direitos de inteligência artificial, uma pergunta que lhe fizeram, respondeu:" Como podemos imaginar mais facilmente os direitos da IA ​​ou dos robôs do que os dos povos indígenas? Esse pensamento assusta-me".Há já uma década que Pedro Neves Marques  tem desafiado oposições ontológicas - natureza / cultura, humana / não humana, orgânica / transgénica - num prolífico corpo de trabalho que engloba filmes, pesquisa e escrita. 'It Bites Back', que estreou no Gasworks, em Londres, é a sua primeira exposição individual no Reino Unido. A peça central do show foi a instalação A Mordida (The Bite, 2018), que reúne dois curtas-metragens, Sex as Care e The Gender of the Lab com uma instalação sonora multicanal da produtora musical HAUT. Os filmes, ambos ambientados no Brasil, criam um diálogo entre duas realidades carregadas: uma apresenta um laboratório no qual mosquitos machos transgênicos estão sendo criados para combater a epidemia do vírus Zika; o outro é uma série de encontros poliamorosos que exploram as intimidades diárias das vidas queer, atualmente ameaçadas pelo recém-eleito governo de Jair Bolsonaro.
Pedro Neves Marques aborda questões ligadas ao colonialismo, à economia neoliberal e à manipulação genética. Publicou um livro com o título de "Morrer na América" que inclui textos escritos entre 2013 e 2016.“Cheguei à América na semana em que a cidade de Nova Iorque foi atingida pelo furacão Sandy. A chuva fustigava a fachada das Nações Unidas e, com o frio, congelava como uma segunda pele sobre os vidros. Nas ruas, os movimentos sociais estavam em depressão; os activistas endividados, sem seguro de saúde, sem segurança social. No interior do país, o movimento libertário prometia uma insurreição, armas eram impressas em plástico transgénico e os ambientalistas eram criminalizados e perseguidos. Para lá dos milharais, mais a sul, no Golfo do México, um mar de petróleo exibia as mutações das espécies, a humana incluída". Vale a pena se aderir à ideia central  “pensar a Tecnologia e a pobreza numa paisagem artificial”. Eu achei o livro interessante, mas não havia necessidade de complicar tanto a vida dos humanos. Se calhar, se calhar..as coisas não são dramáticas, são bem mais simples.

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