Encontrei na gaveta das minhas "recordações" de Nova Iorque, moradas e blocos de notas das conversas com pessoas que me impressionaram. Conheci a artista espanhola
Patricia Gadea (1960-2006) num jantar em casa de um pintor latino-americano bem sucedido que vive ainda num loft no Soho. Convidou-me para visitar o seu estúdio na Canal Street. Tinha um discurso artístico intenso centrado na critica social. Vinda da movida madrilena tentou triunfar na capital da arte, mas não conseguiu realizar o seu objectivo. Com o marido
Juan Ugalde, também pintor, fundou o grupo
Estrujendbank a que se juntaram
Juan Uslé e o poeta
Dionisio Cañas. Publicaram um livro com o título "Os Tigres perfumam-se com Dinamite". Lindo! Regressaram a Madrid e abriram uma galeria que também não vingou. O casamento não resistiu e Patrícia acabou em Palência na mais absoluta miséria económica e física, sem conseguir superar o vício da heroína. Encontraram-na morta caída junto da cama com um frasco de ansiolíticos e uma garrafa de vinho. "Una verguenza recorre Europa, los compradores de arte quierem objectos que confundan com sus muebles, sus cortinas, os elementos que decoram sus mansiones. Es decir, un arte que quede silenciado en su pura materialidad...No soy un payaso roto ni una vedette subida a un elefante: soy
Patricia Gadea acariciando una pantera negra, que es el arte, aunque quizá me muerda". Os supostos artistas actuais que se posicionm nesta sociedade do espectáculo não são tigres. São malabaristas. E, como ela dizia, não se perfumam com dinamite.
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