quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Nobel da Literatura


Hoje, quando vi a notícia, chorei. Sou fanática de Bob Dylan. Da sua música, da sua poesia e da sua atitude. De certa maneira da sua iconoclastia. Dos seus protestos quando o rotularam de cantor de protesto. Da sua recusa em obedecer aos estereótipos. Quando o prémio foi anunciado hoje, uma sala cheia de jornalistas entrou em erupção num audível "Whooooa " antes de romper em aplausos. O Comité do Nobel destacou Dylan "por ter criado novas expressões poéticas dentro da grande tradição da música americana". E mais. Até foi comparado a Homero. "Ele inscreve-se numa longa tradição que remonta a William Blake", afirmou Sara Danius que é secretária permanente da Academia Sueca. Parece que os tempos estão a mudar naqueles corredores. Gostei do título Knock, Knock, Knockin’on Nobel’s Door do jornal New York Times. Filho de emigrantes judeus, nasceu no Minesotta em 1941 com o nome de Robert Zimmerman e nos anos 60 tornou-se um songwriter no underground nova-iorquino. Depois, surgiu, a estrela em cuja pele ele nunca se sentiu bem. Foi sempre uma figura enigmática. Em Janeiro de 1966, Bob Dylan entrou Factory de Andy Warhol, acompanhado por uma equipa de filmagem, para fazer uns screen tests. O ambiente ficou gelado com a animosidade do músico que até recebeu como oferta de uma gigantesca serigrafia prateada de Elvis Presley. Os dois pilares da cultura pop não se conheciam oficialmente. E fizeram uma certa faísca. "Um encontro clássico de egos", comentou Malanga. Que mais dizer do Nobel da Literatura? Cito Ellen Willis, a já falecida critica da New Yorker: " Dylan impôs a sua literacia numa música de analfabetos". Já agora, estou curiosa sobre o que ele pensa disto. Se calhar está-se mesmo nas tintas.  

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