Como é que o mundo vai viver sem
Christopher Hitchens? Interrogava-se um bloguista americano. Eu, devoradora dos seus artigos na
Slate Magazine e na
Vanity Fair, vou sentir muito a falta da cumplicidade, da sintonia com as opiniões que expressava sem eufemismos. Até porque num universo de cabeças "feitas" ele era um espírito independente e livre. Sem amarras ideológicas, religiosas ou até emocionais não sentia nenhuma necessidade de pertencer fosse ao que fosse. Atacou o "fascismo com face islâmica" e os "estalinistas sem remorsos".
Hitch sabia que tinha os dias contados, desde que em 2010 lhe diagnosticaram um cancro no esófago. Morreu no
Anderson Cancer Center, em Houston, rodeado dos amigos mais íntimos. Indomável, insubmisso e rebelde nunca se vergou aos ditames do politicamente correcto. Polemista brilhante, envolveu-se em inúmeras brigas.
Escreveu
God is not Great, zurziu figuras instituídas como Madre Teresa de Calcutá e Henry Kissinger mas também demoliu o radicalismo fascistóide de
Noam Chomski, "o guru de uma certa esquerda" que defendeu criminosos como os khmers Vermelhos e Bin Laden com argumentos "estúpidos e ignorantes" que não o dignificaram. "With the paranoid anti-war left, you never know where the emphasis is going to fall next..." Pronunciou-se ainda contra as "mentiras de
Michael Moore", veiculadas no filme
Fairenheit 9/11 que classificou de desonesto e demagógico. "...Is a sinister exercise in moral frivolity, crudely disguised as an exercise in seriousness. It is also a spectacle of abject political cowardice masking itself as a demonstration of "dissenting" bravery". Foi como sublinhou
Martin Amis "um dos retóricos mais aterrorizantes que o mundo já viu".
Como eu entendia
Hitch.
Sem comentários:
Enviar um comentário