Reli
Basketball Diaries, um livro do poeta e músico americano Jim Carroll, que comprei na
Strand de Nova Iorque há uns cinco anos atrás
por 4 dólares. Há dias tentei alugar o filme
Um Grito de Revolta, baseado nesta obra autobiográfica e protagonizado por
Leonardo DiCaprio, e não consegui porque só havia umas cópias em VHS. Estupidamente, sugestionada pela sociedade de consumo, deitei fora o meu antigo aparelho
Phillips tal como sucedeu com os vinyls. Assisti a um concerto de
Jim Carrol (1949-2099) e apercebi-me de que não conhecia limites. Era um ruivo lindíssimo e talentoso que se deixou seduzir pelos demónios da heroína. Quando morreu parecia um fantasma, ossos e pele com cicatrizes interiores e exteriores mal curadas. Filho de irlandeses católicos cresceu no Lower East Side onde era a única criança branca que brincava nas ruas habitadas por assustadores rufias. Frequentou a elitista
Trinity School graças a uma bolsa de estudo. Dotado de um porte atlético, tornou-se uma estrela do basquetebol. Iluminado pelo fulgor de
Rimbaud, começou a escrever poesia e logo se destacou no projecto da
St. Mark in-the-Bowery onde também estava envolvido
Sam Shepard. Mas a droga conduziu-o a um caminho trágico. Adito ao "cavalo" chegou a prostituir-se, tipo cow-boy da meia noite, na desolada zona do
Meatpacking District. O instinto de destruição apoderara-se dele, empurrando-o para o dark side. "No bairro onde vivi não podia dizer às pessoas que estava a escrever poesia, uma actividade que logo associavam a maricas", afirmou. Aos 22 anos chegou a ser nomeado para o Pulitzer de Poesia. Viveu no
Chelsea Hotel durante algum tempo e frequentava a
Factory de
Andy Warhol. Manteve-se sempre muito ligado a
Patti Smith que o salvou de uma overdose.