Nos finais do século XIX havia três símbolos de Nova Iorque. A estátua da Liberdade, a ponte de Brooklyn e o Madison Square Garden que foi concebido pelo arquitecto
Stanford White. No dia 16 de Junho de 1820 reuniram-se 17 mil pessoas para ouvir a Orquestra de Viena, dirigida por
Eduardo Strauss, que actuou na faustosa inauguração da obra. Educado num profundo respeito pelas normas e soluções clássicas,
Stanford White tinha estudado na Europa e era um conhecedor do Renascimento. A sua ascensão foi meteórica. Casado, com filhos, usufruía de uma elevada posição social. Homem exuberante e atraente, frequentador de bacanais e de prostitutas, envolveu-se com uma corista de 16 anos que fazia uns papéis secundários na Broadway. A bela
Evelyn Nesbit tornou-se a amante do arquitecto. Entretanto entrou em cena
Harry Kendall Taw, herdeiro de uma fortuna de 40 milhões em acções do caminho-de-ferro da Pensilvânia, que tinha uma verdadeira obsessão pela jovem chegando mesmo a propor-lhe casamento. O delírio da cocaína levou-o a um gesto tresloucado. Na noite de 25 de Junho de 1906 cruzou-se com
Stanford White num restaurante e, sem dizer uma palavra, deu-lhe três tiros de revólver. O arquitecto caiu sobre a mesa sem sequer chegar a conhecer o seu assassino. O escultor
Saint Gaudens comentou assim o caso: "Um idiota que dispara sobre um homem de génio por uma mulher com cara de anjo e coração de serpente". O
Madison Square Garden já não é o mesmo que existe hoje. Foi deitado abaixo em 1925 e substituído por um outro que também desapareceu, dando lugar ao actual. Um crítico do
New York Times na época insurgiu-se contra a demolição dos belos edifícios devido à cobiça dos agentes imobiliários. A cidade vive em permanente mudança. É a sua natureza.
Sem comentários:
Enviar um comentário