quarta-feira, 29 de maio de 2013

Borges e os Stones

No dia 7 de Julho de 1982 assisti em Madrid ao concerto dos Rolling Stones. Sob uma tormenta de verão, chuvadas, relâmpagos e trovões, as 70 mil almas que encheram o estádio Vicente Caldéron pareciam ligadas por uma corrente eléctrica. Temperatura ao rubro. Encontrei lá o Pedro Rolo Duarte. Mas na manhã antes desse fabuloso acontecimento tive o privilégio de entrevistar Jorge Luís Borges no Hotel Palace. Que seria do mundo da literatura e até da arte sem ele? A economia das palavras lapidadas como se fossem diamantes. Falámos durante três horas e tomámos chá. A sua biografia é clara. Quanto aos admiradores de Cioran, venho a talhe de foice proclamar que não suporto as unanimidades. Sobretudo quando envolvem vacas sagradas com biografias pouco recomendáveis. Duvido de praticamente de tudo. Não esqueço esta frase de Borges: "a dúvida é a mãe da inteligência".  

1 comentário:

manuel a. domingos disse...

para mim nenhuma vaca é sagrada. aprecio as biografias pouco recomendáveis: tornam os humanos mais humanos.

sobre a dúvida:
"A partir do momento em que formulo, ou mais exactamente: a partir do momento em que sinto necessidade de formular uma, experimento um bem-estar curioso, inquietante. Ser-me-ia de longe mais fácil viver sem qualquer vestígio de crença do que sem qualquer vestígio de dúvida." E.M. Cioran