"A “arte contemporânea” é um instrumento interessante para lavagem de dinheiro. Oligarcas russos, potentados privados do Oriente, multimilionários e estados do Golfo, burgueses enriquecidos pela construção civil ou “antigos jovens” protegidos por alguns negócios bem remunerados – os poderosos investem generosamente em “arte contemporânea” e transformam-se em “patronos da cultura”, o que é hoje melhor do que ter o Euromilhões. Todos ganham: ‘marchands’ que conhecem bem demais as fraudes do seu ofício, pacóvios que apreciam “arte decorativa” para a sala de estar, artistas que têm de fazer pela vida, “curadores” que teorizam sobre a herança de Duchamp e a esperteza de
Damien Hirst, coleccionadores fantasiados de misantropos. Em matéria de “arte contemporânea”, por isso, a cultura lava muito mais branco. O sistema de retribuições da “arte contemporânea” baseia-se no receio de parecer iletrado diante de tão notáveis obras, como uma barragem da EDP pintada de amarelo. Quem se atreve a rir do assunto? No fundo, a “arte contemporânea” ainda é mais barata do que as facturas da electricidade..." (
Francisco José Viegas). A intervenção foi do artista
Pedro Cabrita Reis na barragem da Bempost, no Mogadouro..
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