Não sei como definir o trabalho do artista Jorge Pardo que conheci em 1999 no Dia Center of Arts, em Nova Iorque, onde apresentou um Wolskwagen Full Scale Model inserido num cenário recriado. Na sua obra cruzam-se a arquitectura, o design, a instalação, a escultura, a pintura, a decoração de interiores e o desenho gráfico. Nascido em Cuba em 1963, emigrou para os Estados Unidos com seis anos. Recebeu um BA do Art Center of Design de Pasadena e formou-se em biologia na Universidade Illinois, Chicago. Em 2010 estive na inauguração da sua última exposição na galeria Friedrich Petzel que consistia num enorme dispositivo labiríntico de madeira rendilhada com fotografias de flores, de animais e de ícones populares como a princesa Diana. Dispensou-me 15 minutos de conversa junto à porta da galeria, em Chelsea .
WB- Como é que vê o mundo da arte actual?
JP- Meio perdido e pouco interessante. Acho que o discurso sobre a arte não muda nada, é o dinheiro que o suporta. Não me interessa a carreira de artista de galeria. Tenho uma, mas não sou um tipo de White Cube que é a estética dominante nas galerias. Trabalho sobretudo com museus e em projectos públicos.
WB- Nas suas instalações incorpora mobiliário e objectos de design. A maioria do seu trabalho não é coleccionável.
JP- Não. Em geral vende-se mais a pintura e os objectos de design. Fazer uma casa, um desenho, uma pintura ou até um par de sapatos não é o mesmo que fazer um ready-made. Tudo se transforma em produto. Não me considero um artista conceptual. A minha obra não transporta informação, antes pelo contrário. Tento introduzir ecos de experiências viscerais.
WB- E quanto ao projecto de Tecoh, no México?
JP- Trata-se de uma série de edifícios que projectei e reconstruí numa fazenda em ruínas na selva de Yucatan. Vai ser uma espécie de centro cultural e residência temporária de artistas.
WB- Como conseguiu tornar-se um artista tão consagrado?
JP- Só tive sucesso depois de ser conhecido na Europa. Aqui nos Estados Unidos é preciso acreditar, ter força...exige cojones.
WB- De certa maneira usa a linguagem dos arquitectos. Quais são as suas referências nesta matéria?
JP-Alvar Aalto, Tadao Ando, Bruce Goff...aprecio também a atitude de Rem Koolhaas porque ele é um freack, faz coisas que não tem nada a ver com o espaço.
WB- E gosta de Frank Ghery?
JP- Já gostei mais. Não me impressionam edifícios que parecem baleias.
WB-Mantém alguma relação com Cuba?
JP-Nenhuma. Não acredito na treta do marxismo, tenho uma cabeça limpa de ideologias que acabam sempre por ser perniciosas.
WB- Colecciona arte?
JB- Só dos amigos que me oferecem algumas obras. Mas colecciono vinhos, tenho uma garrafeira com mais de 100 mil garrafas.
adios amigos
Há 9 anos
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