sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Exemplo da Alemanha


O economista francês Thomas Piketty escreveu um artigo no jornal Libération incentivando os europeus a aproveitarem a oportunidade da chegada dos refugiados para impulsionarem a economia do continente. "...A este respeito, a abertura demonstrada pela Alemanha é uma excelente notícia para todos aqueles que estão preocupados com a Europa envelhecida. Pode-se reconhecer que a Alemanha tem pouca escolha na matéria, dada a sua taxa de natalidade muito baixa. De acordo com as últimas projecções demográficas das Nações Unidas, mesmo com o dobro da taxa de imigração na Alemanha do que em França, nas próximas décadas, a população alemã diminuiria de 81 para 63 milhões até o final do século, enquanto a França iria de 64 milhões hoje para 76 milhões no mesmo intervalo. Além disso, não se deve esquecer que o nível de actividade económica da Alemanha é, em parte, o resultado de um superávit comercial enorme, que por definição não poderia estender-se ao resto da Europa. Não haveria número suficiente de pessoas no planeta de absorver tal quantidade de exportações. Esse nível de actividade económica também pode ser explicada pela eficiência do modelo industrial da Alemanha, que se baseia principalmente num forte envolvimento dos seus trabalhadores e seus representantes (metade dos assentos nos conselhos de administração), e que seria bom que servisse de inspiração a outros países aconselhados. Acima de tudo, a abertura ao mundo mostrado pela Alemanha envia um sinal forte para os membros da UE do bloco ex-comunista, que não quer ter filhos nem migrantes e cuja população, de acordo com as Nações Unidas, deve diminuir dos actuais 95 milhões para 55 milhões em 2100. A França deveria estar exultante com a atitude da Alemanha e aproveitar esta oportunidade para ter esta visão de uma Europa que seja aberta e positiva em relação aos refugiados e imigrantes..."  (Imagem da pintura Operários da artista brasileira Tarsila do Amaral)

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