terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Stop "Blame Game"


Vale a pena ler a entrevista à New York Magazine de Michael Burry o administrador de um hedge fund que advertiu para a crise 2008 e inspirou o personagem interpretado por Christian Bale no filme The Big Short. Garante que estamos de volta ao buraco, tentando estimular o crescimento através do dinheiro fácil. E ataca as políticas da FED que contribuem para "alargar o fosso de riqueza, alimentar o extremismo político, forçando o impasse em Washington". Sublinha que as taxas de juros reais negativas numa escala global são tóxicas para a economia. "Estamos construindo tensões tremendas no sistema e quaisquer falhas virão certamente prejudicar as perspectivas... A ideia de que o crescimento irá sanar as nossas dívidas é um vício dos políticos, mas os cidadãos acabam por pagar o preço". E refere a maneira errada como os media falam da percepção da pós-crise. "Parece que os americanos foram pressionados por Wall Street, por grandes empresas do sector privados e pelos ricos. Eu vejo a situação de uma forma diferente. Os facilitadores para esta crise foram variados. Não culpo só os bancos, mas também as decisões individuais de contrair empréstimos. Mas ninguém assumiu as responsabilidades...Devemos ensinar os nossos filhos a serem melhores cidadãos através da responsabilidade pessoal e não pelo exemplo da culpa."
Burry acredita na inovação que nos Estados Unidos continua a um ritmo vertiginoso, mesmo em áreas que enfrentam ventos políticos contrários ou regulamentos substanciais. "Os avanços na área da saúde, em particular, são de tirar o fôlego. A longo prazo, isso é bom para os seres humanos em geral. Os americanos têm tanta força empreendedora natural. A tecnologia deve ser uma ferramenta para se alcançar uma vida melhor no mundo real e, em consonância com o espírito americano de ser o melhor em alguma coisa, quer se trate de curar o cancro ou a criação de um melhor serviço de táxi. Estou menos impressionado com os valores de mercado atribuídos à tecnologia que melhora a distracção. Nós não queremos o mundo de Orwell, mas também não queremos o mundo de Huxley".

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